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H
A
R
L
E
S
C
H Celebram-se hoje os 122 anos
P do nascimento do rei da comédia.
L
I
N
(16-04-1889 Londres- 25-12-1977 Corsier-sur-Vevey)
"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos".
(Charles Chaplin)
Tributo a Charlot, com um poema de Eduardo Valente da Fonseca
O CHARLOT É QUE SIM
Creio que uma das muitas pessoas que têm razão no
mundo é Charlot.
É certo que passa fome, tem o seu frio no Inverno
e as botas todas gastas,
mas ri-se de muita coisa,
despreza admiravelmente a ordem
e vai aguentando as cacetadas e prisões e outras
violências.
No entanto,
o multimilionário Rockefeller é que passa por inteligente
e empreendedor e grande,
e honesto e moralista,
e benfeitor também quando é preciso.
É evidente que o Rockefeller até trabalha aos domingos,
e que isso vai ficar na história dos grandes feitos de hoje,
mas o que mais me alegra são as vagabundagens
do Charlot,
e o orgulho dele contra as moedas acumuladas,
e aquele chuto na ponta do cigarro ao ir para a prisão,
e esse infinito voltar de costas às fardas,
e o comprar comovidamente flores à rapariga cega,
e dar-lhe a mão depois
e entristecer dos pobres serem tristes.
... É por isso que nunca sonho com o Rockefeller.
Carantonha- s.f.-contorsão do rosto, esgar, máscara, cara feia, carranca, caraça. * Em criança, na região de onde sou natural, e onde então vivia, quando se brincava ao carnaval, o artefacto que nos ocultava o rosto, era a carantonha porque por norma era coisa feia. O tempo passa, a evolução acontece, e hoje, pelo menos quando jogamos ao carnaval, usamos uma máscara. Ou será que não a usamos todos os dias?
sexta-feira, 15 de abril de 2011
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Convocar a memória
Facto incontestável é o de que a história do homem é feita de memórias. Lembrei-me disto, quando ontem li e recordei que foi precisamente há 50 anos, que um cidadão russo, de seu nome Iuri Gagarine, foi o primeiro homem que a 350 Kms acima do nosso planeta, o sobrevoou numa volta completa. Foi ele, que lá de cima, gritou: «A terra é azul». Foi Gagarine, que por associação de ideias, me deu a oportunidade de convocar a memória, e chamar para uma conversa, talvez mais real do que imaginária (seria eu a sonhar?), a Baby, o Nicola e o Lucky. Conversa breve e cheia de nostalgia (uma espécie de saudade que não tem retorno). Mas que deu para saber que ainda andam lá por cima a espicaçar a paciência do velho que está sentado na lua, e os afasta atirando-lhes uma mão cheia de pó das estrelas, que costumamos ver a brilhar no céu em noites de luar. Ficou combinado que de vez em quando, quiçá inesperadamente, podem aparecer. Serão bem-vindos.
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segunda-feira, 4 de abril de 2011
Ode ao futebol
Diziam que o ciclo dos outros tinha terminado, que era o início de um novo ciclo (o seu). Eram (ainda dizem que são) os melhores. Bolsaram soberba e sobranceria quanto baste para alimentar os media, para alimentar o instinto básico dos adeptos. Armaram-se em paladinos do "fair play", que acabaram para deitar ao lixo. Sempre se disseram prejudicados por terceiros, e nunca assumiram os próprios erros. E tudo isso deu no que deu. Tiveram agora a resposta.
Para eles aqui fica a Ode ao futebol, de Tossan
ODE AO FUTEBOL
Rectângulo verde
meio de sombra
meio de sol
vinte e dois em cuecas
jogando futebol
correndo
saltando
ziguezaguando
ao som dum apito
dum homem magrito
«também em cuecas»
e mais dois carecas
com uma bandeira
de cá para lá
de lá para cá
Bola ao centro
bola fora
fora o árbitro
E a multidão
lá do peão
gritava
berrava
gesticulava
e a bola coitada
rolava no verde
rolava no pé
de cabeça
em cabeça
a bola não perde
um minuto sequer
e zumbindo no ar
como um besoiro
toda redonda
toda bonita
vestida de coiro
O árbitro corre
o árbitro apita
O público grita
bola nas redes
Laranjadas
pirolitos
asneiras
palavrões
damas frenéticas
gordas
esqueléticas
esganiçadas aos gritos
todos à uma
todos ao um
ao árbitro roubam o apito
Entra a guarda
entra a polícia
os cavalos a correr
os senhores a esconder
uma cabeça aqui
um pé acolá
ancas
coxas
pernas
pé
cabeças no chão
cabeças de cavalo
cavalos sem cabeça
com os pés no ar
fez-se em montão
a multidão.
E uma dama excitada
que era casada
com um marido
distraído
no meio da bancada
que estava à cunha
tirou-lhe um olho
com a própria unha
À unha, à unha!
ânimos ao alto!...
E no fim
perdeu-se o campeonato!
No fundo
O meu comentário. No fundo.
Luzes do estádio apagadas e aspersores de rega ligados. Onde está o fair play que tanto apregoavam?
Como diria o cónego Remédios: «Não havia nexexidade»
Luzes do estádio apagadas e aspersores de rega ligados. Onde está o fair play que tanto apregoavam?
Como diria o cónego Remédios: «Não havia nexexidade»
Chegou e disse
Ontem, ao passar na RTP, ocasionalmente, por um concurso, retive duma conversa entre o concorrente e o apresentador, acerca da pergunta que havia sido feita, já não sei a que propósito, o seguinte comentário, um dito conhecido e habitual em certas ocasiões: "chegou e disse, tirou o chapéu e foi-se". Daí ter-me vindo à memória um texto de Mário-Henrique Leiria, que talvez, quem sabe, tenha sido inspirado nesse dito. Ei-lo:
HISTÓRIA EXEMPLAR
«Entrei.
- Tire o chapéu - disse o Senhor Director.
Tirei o chapéu.
- Sente-se - determinou o Senhor Director.
Sentei-me.
- O que deseja? -investigou o Senhor Director.
Levantei-me, pus o chapéu e dei duas latadas no Senhor Director.
Saí.»
Carantonhas, se sorriram, tenham uma boa semana de trabalho. Se não sorriram, tenham-na também.
HISTÓRIA EXEMPLAR
«Entrei.
- Tire o chapéu - disse o Senhor Director.
Tirei o chapéu.
- Sente-se - determinou o Senhor Director.
Sentei-me.
- O que deseja? -investigou o Senhor Director.
Levantei-me, pus o chapéu e dei duas latadas no Senhor Director.
Saí.»
Carantonhas, se sorriram, tenham uma boa semana de trabalho. Se não sorriram, tenham-na também.
sábado, 2 de abril de 2011
Dia Mundial do Livro para a Infância
Eu sou o mundo, e o mundo sou eu,
porque através do meu livro
posso ser quem quiser.
Palavras e imagens, versos e prosa,
levam-me a lugares vizinhos e distantes.
Na terra dos sultões e do ouro,
mil histórias se revelam,
tapetes voadores, lâmpadas mágicas,
Génios, Ghouls e Simbad,
contam os seus segredos a Sherazade.
A cada palavra em cada página,
viajo no tempo e no espaço.
e nas asas da fantasia
o meu espírito atravessa terra e mar.
Quanto mais leio, mais compreendo
que, com o meu livro,
estarei sempre
na melhor das companhias.
(Cartaz e mensagem do Dia Mindial de 2009)
Em 1967, a UNESCO instituiu o Dia Mundial do Livro para a Infância (em Portugal insistimos - quanto a mim erradamente, mas quem sou eu? - na designação Livro Infantil, teatro infantil, cinema infantil) e designou como promotor o IBBY (International Board on Books for Young People). Comemora-se em 2 de Abril, em honra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, nascido nesta data, e que dedicou a sua vida a escrever histórias para crianças. Disse um dia ( cito de cor) “a minha vida é uma história maravilhosa”. O propósito da criação deste dia, foi o de despertar nas crianças o interesse pela literatura. Como curiosidade, diga-se que a literatura para a infância surgiu no séc. XVII, com Fénelon, “com a função de educar moralmente a criança”.
porque através do meu livro
posso ser quem quiser.
Palavras e imagens, versos e prosa,
levam-me a lugares vizinhos e distantes.
Na terra dos sultões e do ouro,
mil histórias se revelam,
tapetes voadores, lâmpadas mágicas,
Génios, Ghouls e Simbad,
contam os seus segredos a Sherazade.
A cada palavra em cada página,
viajo no tempo e no espaço.
e nas asas da fantasia
o meu espírito atravessa terra e mar.
Quanto mais leio, mais compreendo
que, com o meu livro,
estarei sempre
na melhor das companhias.
(Cartaz e mensagem do Dia Mindial de 2009)
Em 1967, a UNESCO instituiu o Dia Mundial do Livro para a Infância (em Portugal insistimos - quanto a mim erradamente, mas quem sou eu? - na designação Livro Infantil, teatro infantil, cinema infantil) e designou como promotor o IBBY (International Board on Books for Young People). Comemora-se em 2 de Abril, em honra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, nascido nesta data, e que dedicou a sua vida a escrever histórias para crianças. Disse um dia ( cito de cor) “a minha vida é uma história maravilhosa”. O propósito da criação deste dia, foi o de despertar nas crianças o interesse pela literatura. Como curiosidade, diga-se que a literatura para a infância surgiu no séc. XVII, com Fénelon, “com a função de educar moralmente a criança”.
(François Fénelon, foi um teólogo católico, poeta e escritor francês, cujas ideias liberais sobre política e educação, esbarravam contra o “status quo” da Igreja e do Estado dessa época.)
Ler é aprender, ler é saber, ler é crescer. Portanto, carantonhas pais, avós, tios, tias, primos, padrinhos, outros parentes e amigos, os livros precisam de ser manuseados, precisam que lhes sintam o volume, o cheiro. Vamos lá a transmitir isso às crianças, e a incentivá-las à leitura. Elas vos agradecerão.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Mário ou ele próprio o Outro
In Memoriam
António Mário Lopes Pereira Viegas, tout court Mário Viegas. Foi um dos maiores (senão o maior) actores da sua geração.Foi também encenador e "dizedor " de poesia; fez cinema. Irreverente e egocêntrico quanto baste. Da profissão herdou a efabulação e o lado mistificador. Tornou-se um mito. No dia 1 de Abril de há quinze anos, enganou-se ou quis enganar-nos, saiu de cena e procurou outro palco, e decerto não me engano se disser que agora, ou mais logo, lá estará junto dos parceiros que representou ou disse, divertindo-se a dizer Mário Henrique-Leiria, ou mesmo Tossan. E, se lá onde está, for permitido beber, de copo na mão. Com gin.
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