terça-feira, 24 de janeiro de 2012

De volta

De volta, num novo ano a dar os primeiros passos,  ao convívio dos poucos carantonhas que habitualmente me seguem. E nada melhor do que começar falando de poesia. Fiquem então com o


MISTÉRIO DA POESIA

O poeta brasileiro, Mário Quintana, disse um dia que “fazer versos é fácil, escrever poesia é que é difícil”. Será então que o acto poético é fruto de algum mistério? António Gedeão, apesar de nos dizer que “todo o tempo é tempo de poesia”, terá julgado que sim, uma vez que termina o seu poema “Enquanto” com o verso ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA”. Mas isto serão os adultos/poetas a pensar, porque “as crianças, Senhor” não pensam do mesmo jeito. Vejamos o que nos diz a Maria Carlota, de 7 anos: “fazer versos é só imaginar coisas bonitas e já está”. Talvez seja por isso que Portugal é um país de poetas. Senão vejamos, como escreve o João Nuno, arcozelense de 9 anos:

Chamo-me João Nuno.
Poetas há milhões
Mas igual a mim
Só o Luís de Camões.

 Retirando algum exagero ao exagerado (passe o pleonasmo) entusiasmo do João Nuno, que hoje será um jovem entre os vinte e os trinta anos, e talvez, quem sabe, poeta, eu, como Fernando Pessoa, direi que sim, “o melhor do mundo são as crianças”. Quem como elas tem sensibilidade para nos dizerem coisas tão bonitas (que farão roer de inveja alguns poetas da nossa praça, pelo menos os que escrevem versos e não poemas), como “a poesia é feita aos molhinhos/ou em verso”. Ou ainda, “se eu não existisse ficava triste”. E esta pequena pérola, com que, como recompensa do amor de uma mãe, a sua filha de 7 anos, demonstra o seu amor de filha: “a minha mãe é um amor/que caiu do céu”. E nada melhor para terminar, do que este verso de uma Maria João, de 4 anos: “rimar é parecer”. E assim, pela boca das crianças, se define a poesia.

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