Ontem, no bar Labirinto, na sessão habitual Poémia (poesia + boémia), foi dia de recordar. Por iniciativa do João Habitualmente, fomos recordar e conviver com a poesia do nosso amigo Joaquim Castro Caldas, que faria 55 anos se ainda estivesse entre nós. A cultura e a poesia portuguesa, perderam vai fazer três anos, o "interprete da vontade do pássaro", como ele gostava de se chamar. Senhor de uma vasta cultura, uma imaginação desbordante, e de uma invulgar capacidade de improviso, foi bom recordá-lo nos seus escritos, nos seus desvarios, na sua loucura, na sua irreverência, e nas histórias vividas por ele e com ele. Dos que mais apoio lhe deram, faltaram alguns, ou por ter sido impossível contactá-los, ou por viverem longe.
Fizeram falta o Paulo Campos dos Reis, o Francisco Gonçalves, o Zé João Sardinha, o João Rios, o Dinis Cayolla. Mas o Joaquim teve a lembrá-lo e a conviver com ele (na sua poesia e nos seus textos), este vosso amigo carantonha, o Isaque Ferreira, o Rui Spranger, o Daniel Maia-Pinto e o organizador João Habitualmente. Foi uma noite para relembrar e para ficar na memória de todos os que estiveram ontem no Labirinto. E nós, amigos do Joaquim, ficámos com a certeza de que lá no "assento etéreo" onde estará, ele gostou. Saravah, Joaquim.
Para quem não conheceu o Joaquim ("muita estrada no coração, na cabeça e no corpo", como ele gostava de dizer de si) aqui fica um dos seus auto-retratos, in "Só cá vim ver o sol"
MENDIGO
na rua não dou a quem pede
o que pede. só dou à forma
como pede. no amor só dou
o que o amor me pede. não
dou à forma como pede.
e à vida peço me dê leve
aquilo que ninguém pede.
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