É claro que não gosto também do actual governo. Apesar de ser um governo de paus-mandados, uma coisa me preocupa. É que não vi ainda que esteja a crescer o nariz ao mentiroso chefe-pinóquio. A quadrilha (refiro-me à dança, é óbvio) vai funcionando, embora os passos não estejam, por enquanto (alguma vez estarão?), ao ritmo que o país deseja.
Devo, no entanto, confessar que estou absolutamente de acordo com uma das medidas já tomadas pela ministra da agricultura e outras actividades mais, qual seja a de reduzir o ar condicionado, no sentido de reduzir o consumo energético, melhorar o ambiente e poupar uns cobres ao Estado. Para isso nada melhor do que começar por despir os homens, ordenando-lhes que deixem as gravatas em casa. Espero que a seguir seja o casaco e se fiquem por aí. “Sans blague”. É que a gravata faz-me lembrar a luta que encetei nos idos de 1971, e para a qual incentivei os colegas, na empresa em que trabalhei, um grande grupo financeiro, para que trabalhássemos sem gravata e sem casaco, manobrando grandes e antigas máquinas de contabilidade, as avós (algumas já bisavós) dos actuais computadores. Ganhámos a luta e passámos a produzir mais e melhor.
Por isso aplaudo a medida da ministra. É que mesmo com janelas nos edifícios do ministério, sem ar, ou com menos ar condicionado, ainda que seja por sugestão, entra mais luz nos serviços e porventura nas janelas da alma dos funcionários. E, quiçá, nas da própria ministra.
E porque no parágrafo anterior falei em janelas, termino com um texto do meu amigo e colega Nelson Ferraz
uma luz
A percentagem de pessoas que costuma tirar partido das janelas e varandas de suas casas é uma coisa tão minúscula, que chega a parecer perfeitamente escusada, essa tradição humanóide de fazer aberturas envidraçadas nas paredes dos edifícios.
Algumas dessas peças das casas irão desaparecer, sem nunca terem tido um hóspede ou um abano de cortina.
… o segmento de rua onde resido, deve ter, pelo menos, umas cinquenta coisas dessas (entre varandas, janelas e janelinhas do tipo respirador).
São 22,45h, reina a noite e o silêncio das persianas.
Apenas uma janelinha estreitinha, com luz. (???)
É evidente que, lá ao fundo, no outro lado da rua, alguém se recusa
a cagar às escuras.
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