AMANHÃ É NATAL
A neve ouviu aos ventos: «É Natal»
E revestiu planícies e montanhas
De brancura ideal.
As árvores sentiram: «É Natal»
E balançaram ramos resplendentes
Num bailado irreal.
As aves escutaram: «É Natal»
E envolveram os campos e as almas
Num canto sem igual.
Os astros escreveram: «É Natal»
E inundaram a terra sua irmã
Duma luz celestial.
Os anjos repetiram: «É Natal»
E trombetas e vozes se expandiram
Num coro divinal.
Os homens exultaram: «É Natal»
E comeram, comeram, comeram
Até fazer mal.
Francisco Ventura
Este é o Natal da volúpia, da gula e do consumismo. Amen (isto é, assim seja). Cumpra-se, mesmo em crise, a vontade dos deuses.
Francisco Ventura, escritor. Mais conhecido como autor teatral do que pela sua poesia. O seu teatro, muito próximo do auto de tradição vicentina, é de inspiração rústica, pedagógico e moralizante.
Caros carantonhas, bom fim de semana (para aqueles que podem gozá-lo). E leiam, leiam, sem que vos faça mal. Amen.
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