Comemora-se hoje, o Dia Mundial do Teatro. Em Portugal também. Talvez com não tantas iniciativas como seria para desejar. Digo, iniciativas gratuitas, pois neste dia, entendo que o teatro deve estar ao serviço do povo, pelo menos daquele povo que não tem possibilidades de usufruir regularmente do espectáculo teatral. Permito-me retirar da mensagem para este dia, escrita para Portugal, pelo director brasileiro Augusto Boal: " Teatro não pode ser apenas um evento - é forma de vida! Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo o que fazemos no palco fazemos sempre nas nossas vidas: nós somos teatro! (...) Uma das principais funções da nossa arte é tornar conscientes esses espectáculos da vida diária, onde os actores são os próprios espectadores, o palco é a plateia, e a plateia, o palco. Somos todos artistas: fazendo teatro aprendemos a ver aquilo que nos salta aos olhos, mas que somos incapazes de ver, tão habituados estamos apenas a olhar. O que nos é familiar torna-se invisível. Fazer teatro, pelo contrário, ilumina o palco da nossa vida quotidiana."
Pela nossa parte, Companhia de Teatro do Vale do Sousa, entrámos bem nas comemorações. Às 9 horas da manhã estávamos na EB 1 de Mirelo, Paços de Ferreira, a representar a nossa peça "O Semeador de Palavras" para 250 crianças. Às 10, 11 e 12 horas estivemos na EB 1 de Paredes, a representar para 450 crianças. E às 14 horas terminámos no jardim Infantil de Rebordosa. Foi um dia em cheio, cansativo, mas recompensador, por termos sido tão bem acolhidos pelas crianças.
A título informativo, quaisquer duzentos euritos pagam o nosso "Semeador de Palavras", trabalho especialmente vocacionado para alunos do Ensino Básico. Se houver interessados, podem contactar para: 963062202, ou carantonha@netcabo.pt.
Em jeito de reflexão, até pela actualidade, deixo aqui o que há quase duzentos anos escreveu Almeida Garrett, o renovador do teatro português: "O Teatro é um grande meio de civilização, mas não prospera onde a não há".
Finalizo com um soneto de Manuel Alegre, escrito e editado no Dia Mundial do Teatro de 1997
O ACTOR
Do actor é ser ele sendo muitos
e sendo muitos só assim ser ele
Alegrias paixões amores e lutos
e as máscaras da vida à flor da pele.
O rico e o pobre o rei e o vagabundo
o rosto mais formoso e o mais medonho
que só ele é Ninguém e Todo-o-Mundo
e só por ele em cena a vida é sonho
Mas de todos só ele é todos nós
quem nos sonhamos quem não somos quem
por ele é outra vida em cada acto.
E é ele que vive de ser voz
de ser o corpo e a alma de ninguém
no teatro do mundo no teatro.
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