terça-feira, 21 de abril de 2009

A Casa do Sol é a Cor Azul

Imagem poeticamente "roubada" a tintadevida.blogspot.com
Quando me sentei em frente ao portátil para escrever, não tinha qualquer ideia sobre que assunto o faria. Estava neste dilema quando olhei para a estante a meu lado e logo vi um pequeno livro com um título sugestivo que me deu o mote. “A casa do sol é a cor azul” é um cancioneiro infanto-juvenil para a língua portuguesa, do Instituto Piaget. Então vamos falar de poesia. Será que é fácil fazer ou escrever poesia? Ou será difícil? Eu tenho alguma dificuldade em responder a estas questões. Diz-se que Portugal é um país de poetas, mas eu acredito mais que seja um país de muita gente que escreve versos, pois dou razão ao poeta brasileiro Mário Quintana quando diz que “escrever versos é fácil. Mais difícil é escrever poesia”. Mas acredito também na sinceridade e na pureza das crianças, quando dizem, como a M. Carlota de 7 anos, “para fazer versos é só fazer coisas bonitas e já está”. Ou então como o Vasco, de 5 anos, quando diz que “A poesia é feita aos molhos ou em verso”. E digam lá se “A casa do sol/é a cor azul”, os dois versos que dão o título a esta crónica e ao livro, não é poesia!
E a delícia dos versos que a Cláudia Inês, de 3 anos, escreveu, “Se eu fosse lua/dormia sozinha/Se fosse sol/dormia com as luas todas”, ou então da mesma criança, “A lua dorme/enroladinha nas estrelas/E acorda/com as festinhas do sol”. Mas os poetas que se esquecem, também sabem como resolver os seus problemas: “deixei os beijinhos/nas calças novas/mas trouxe um abraço”, como diz o Sebastião de 4 anos. E a Nádia, de 3 anos, a atrevida, quando diz “tenho um beijo grande/guardado na tua boca”. Mas poeta, poeta, é o Fábio de 3 anos. Vejam só: “Eu nunca tinha visto/o arco-íris/porque a Susana/nunca tinha passado/por este sítio”. E o que dizer do supra-sumo da desfaçatez, o João Nuno , de 9 anos? Vejam só: “Chamo-me João Nuno/Poetas há milhões/Mas igual a mim/Só o Luís de Camões”. E agora, caros Carantonhas, leiam poesia, porque na casa da poesia cabem todos, avós e netos, pais e irmãos, professores e alunos, enfim toda a gente, já que a poesia tem uma casa que não é grande nem pequena, pois tem sempre o tamanho que tem cada poema. Então, Carantonhas, toca a entrar…

2 comentários:

Eduardo Trindade disse...

Hummm... Cá estou eu a aprender com as crianças... Elas costumam ser o melhor tipo de mestre que há. O que me lembra uma frase, acho que do Picasso, que dizia que se leva muito tempo para se aprender a ser jovem...
Abraços!

Anónimo disse...

Como diz a Mariana.
"- Fazer versos é fácil, é só escolher palavras que terminam da mesma maneira!"
Mas até Poesia ela também sabe fazer.
Quando me diz:
"- Papá, gosto muito de ti."
"- Papá, dá-me um abraço."
...

Ok! Não rima. Mas, isso é fácil. Basta escolher palavras que terminam da mesma maneira...

Quanto ao, dos mais brilhantes textos deste blog, quero dizer apenas que a poesia que leio, é a que aqui vai sendo divulgada.
Normalmente, prefiro ouvi-la.
Talvez esteja mal habituado.

E realmente, as crianças são o melhor do Mundo.
Depois, mantemos o encanto mas andamos toda a vida a escondê-lo.

Só..! Não me acredito que o Fábio, com 3 anos tenha dito:
"Eu nunca tinha visto/o arco-íris/porque a Susana/nunca tinha passado/por este sítio".

Mas, que é um belo pedaço de poesia e que eu adoraria ter escrito tal coisa...É verdade.

Pedro.