Esta casa centenária da minha aldeia, conhecida inicialmente pela casa do senhor Graça, seu primeiro proprietário, está na origem do nascimento deste vosso amigo carantonha. Eu explico: da sua Albergaria-a-Velha natal, chegou para ser encarregado da obra, aquele que seria o meu avô materno, António Mendes. Conheceu a avó Aldina (saudosa e extremosa avó), namorou, casou e nasceram seis filhos, a segunda das quais é a minha mãe, ainda jovem e activa nos seus noventa anos. Dois rapazes e quatro raparigas , com nascimentos intervalados com a ida do meu avô até França, primeiro integrado no CEP (Corpo Expedicionário Português) que participou na 1ª Grande Guerra, e depois em trabalho.
Mas voltemos à casa. Depois do desaparecimento do senhor Graça, que já não conheci, a casa passou a ser conhecida pela casa das Meninas do Graça, três irmãs solteironas, que viviam para os sobrinhos, filhos da única irmã que casou. Na casa, onde havia gatos bem estimados, com os sobrinhos brinquei, preparei algumas lições, aprendi muita coisa, e mais tarde ajudei na chamada campanha de educação de adultos. Estando eu já na cidade, a casa assistiu ao casamento serôdio da irmã mais velha. As outras duas acompanharam-na e a vida na casa cessou. Até hà relativamente pouco tempo, pois foi comprada por alguém que não era natural da aldeia, que a reabilitou e que a habita. Não acredito em fantasma, suponho que o actual proprietário também não, mas sou levado a pensar que por lá ainda andará o espírito do meu avô.
Para ilustrar este texto -detesto o temo post ou posta- (esta então faz-me crescer água na boca ao lembrar-me a posta à mirandesa), acho que ´bem a propósito a Anedota da Adilia Lopes que cito de memória:
Duas irmãs solteironas
vivem juntas com uma gata
que nunca deixam sair.
Uma das irmãs casa.
A outra pede que lhe mande uma carta
a contar pormenorizadamente
a noite de núpcias.
Ela manda-lhe um telegrama:
-"Mana, solta a gata"
Carantonhas, uma boa semana de trabalho ou de ócio.
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