O Natal está aí. A época, o consumismo. O dia vai chegar pra semana e apesar da crise (qual crise?), continuo a pensar que, com muitas prendas, muita comida. Declaração de intenções: o meu Natal é o do Menino Jesus. Por isso fui roubar ao http://www.teoriadoscalhaus.blogspot.com/ o blog do meu amigo barcelense Flávio Lopes da Silva, do qual tive o prazer de participar na apresentação do seu novo livro de poesia "Sou um Louco que sabe tocar Acordeão", o seguinte texto:
"É Natal. Temos um mês inteirinho para pensar no que é que iremos pedir ao Pai Natal. Uma bicicleta. Um peluche. Um jogo de cozinha. Duas notas de vinte. Uma cunha na secretaria da câmara.
O Natal é fixe. Ver as pessoas na rua munidas de cartão de crédito, gastando suor em décimas de segundo, contribuindo para a milionaridade do Belmiro de Azevedo, comprando coisas larocas para durar dois dias e depois, lixo, é um espectáculo a não perder neste Teatro em qualquer rua perto de si.
O nosso coração enche-se de brilhantes, vemos tudo a piscar, os preços nas lojas a piscar-nos os olhos, a madamme a experimentar um vison que o amante, que é manso, lhe diz: “leva meu amor!”.
Os shoppings carregados de ratoeiras para o freguês com chinesices e guloseimas de criar abcessos.
Os banqueiros sorrindo, as contas de uns emagrecendo e a de outros ganhando banha da boa.
O capitalismo ganhando cabedal, o operário, coitado, tem cinquenta putos ranhosos lá em casa a pedir um matraquilhos.
Gosto do natal porque nesta época a tristeza e a miséria - que parecem duas fufas - vão dar uma volta ao bilhar grande, e durante alguns dias irão dormir com o rafeiro. Ah, que sorte!
Tudo é bonito, tudo fala de amor como se isso fosse um instrumento de tocar nos lábios. A Fraternidade, esquecem-se que é um caramelo que se desgasta, e o Amor, acreditem que não sai em cabaz algum.
As crianças calçam sapatos novos mas continuam a calçar as meias rotas.
Os jornais a falarem de fadas e princesas, o mundo a maravilhar-se com a fantasia, milhões de barbies preenchem as casas. As guerras em stand by.
O negócio sempre a render, o vegetariano rompe com a sua filosofia e desbunda uma boa coxa de perú. Pela rua a beleza é um samba português já que a farsa anda bem disfarçada.
Os três reis magos a passarem na minha zona de Porshe, com seus ares de quem nunca participou em greves, anunciando o nascimento do menino pobre.
É natal. A crença ganha mais adeptos. Acreditar é um espectáculo que faz subir as caixas registadoras, mais velas derretidas para nomear um Santo padroeiro.
Depois das trocas de prendas, de passado o efeito do espumante, do circo que foi ao ver o sogro a engasgar-se com uma espinha do bacalhau, depois de olhar a factura da luz e do arrependimento de ter deixado não sei quantos dias o pinheirinho ligado, a consumir quilos de watts, depois de termos desacreditado a criança quando tentávamos imitar o Pai Natal, e ela, assim que abrimos a boca, disse: “eu conheço este hálito!”, vem a realidade ao de cima acompanhada de feras e outros gigantes horrendus; e que não está para cócegas!
Pois é, esta é a parte mais triste desta história de Natal, já que, depois da luminosidade e do riso, vem a tristeza, depois da festa surgem os telefonemas dos senhores bem educados do banco a pedir que actualizemos a nossa situação bancária, e o pai tolo e a começar a levantar a voz para a mulher que está cansada de lavar tachos queimados. E depois é o filho que quer ir para o ginásio queimar as calorias causadas pelas rabanadas, mas claro, o guito foi-se e, décimo terceiro mês só para o ano. E os operários de novo na realidade com espinhas, puxando com a força de braços as máquinas perras, a terem que produzir mais e mais, a alegria a baixar seus níveis de beleza, Jesus Cristo a ser banalizado nas anedotas, as uvas passas misturadas com a ração para o rafeiro, a guerra a fazer peito, o combustível a diminuir nos depósitos, o Ferrero Rochê a fazer estragos nos intestinos. O sentimento das pessoas a ser entendido apenas com manual de instrução!
E porque a realidade não se deixa enganar, o melhor é não oferecermos uma capa de super-homem aos nossos filhos, uma vez que ele poderá pensar que será capaz de voar e os resultados são desastrosos. Viva o Pai Natal! Viva a electrónica! Viva o Belmiro que nos deixa sonhar em cada prateleira de Hipermercado! “Viva eu cá na terra” a tentar consertar o meu pessimismo!
Ainda dizem que o Natal havia de ser todos os dias. O caraças que havia! E depois quem é que paga as favas?!"
O Natal é fixe. Ver as pessoas na rua munidas de cartão de crédito, gastando suor em décimas de segundo, contribuindo para a milionaridade do Belmiro de Azevedo, comprando coisas larocas para durar dois dias e depois, lixo, é um espectáculo a não perder neste Teatro em qualquer rua perto de si.
O nosso coração enche-se de brilhantes, vemos tudo a piscar, os preços nas lojas a piscar-nos os olhos, a madamme a experimentar um vison que o amante, que é manso, lhe diz: “leva meu amor!”.
Os shoppings carregados de ratoeiras para o freguês com chinesices e guloseimas de criar abcessos.
Os banqueiros sorrindo, as contas de uns emagrecendo e a de outros ganhando banha da boa.
O capitalismo ganhando cabedal, o operário, coitado, tem cinquenta putos ranhosos lá em casa a pedir um matraquilhos.
Gosto do natal porque nesta época a tristeza e a miséria - que parecem duas fufas - vão dar uma volta ao bilhar grande, e durante alguns dias irão dormir com o rafeiro. Ah, que sorte!
Tudo é bonito, tudo fala de amor como se isso fosse um instrumento de tocar nos lábios. A Fraternidade, esquecem-se que é um caramelo que se desgasta, e o Amor, acreditem que não sai em cabaz algum.
As crianças calçam sapatos novos mas continuam a calçar as meias rotas.
Os jornais a falarem de fadas e princesas, o mundo a maravilhar-se com a fantasia, milhões de barbies preenchem as casas. As guerras em stand by.
O negócio sempre a render, o vegetariano rompe com a sua filosofia e desbunda uma boa coxa de perú. Pela rua a beleza é um samba português já que a farsa anda bem disfarçada.
Os três reis magos a passarem na minha zona de Porshe, com seus ares de quem nunca participou em greves, anunciando o nascimento do menino pobre.
É natal. A crença ganha mais adeptos. Acreditar é um espectáculo que faz subir as caixas registadoras, mais velas derretidas para nomear um Santo padroeiro.
Depois das trocas de prendas, de passado o efeito do espumante, do circo que foi ao ver o sogro a engasgar-se com uma espinha do bacalhau, depois de olhar a factura da luz e do arrependimento de ter deixado não sei quantos dias o pinheirinho ligado, a consumir quilos de watts, depois de termos desacreditado a criança quando tentávamos imitar o Pai Natal, e ela, assim que abrimos a boca, disse: “eu conheço este hálito!”, vem a realidade ao de cima acompanhada de feras e outros gigantes horrendus; e que não está para cócegas!
Pois é, esta é a parte mais triste desta história de Natal, já que, depois da luminosidade e do riso, vem a tristeza, depois da festa surgem os telefonemas dos senhores bem educados do banco a pedir que actualizemos a nossa situação bancária, e o pai tolo e a começar a levantar a voz para a mulher que está cansada de lavar tachos queimados. E depois é o filho que quer ir para o ginásio queimar as calorias causadas pelas rabanadas, mas claro, o guito foi-se e, décimo terceiro mês só para o ano. E os operários de novo na realidade com espinhas, puxando com a força de braços as máquinas perras, a terem que produzir mais e mais, a alegria a baixar seus níveis de beleza, Jesus Cristo a ser banalizado nas anedotas, as uvas passas misturadas com a ração para o rafeiro, a guerra a fazer peito, o combustível a diminuir nos depósitos, o Ferrero Rochê a fazer estragos nos intestinos. O sentimento das pessoas a ser entendido apenas com manual de instrução!
E porque a realidade não se deixa enganar, o melhor é não oferecermos uma capa de super-homem aos nossos filhos, uma vez que ele poderá pensar que será capaz de voar e os resultados são desastrosos. Viva o Pai Natal! Viva a electrónica! Viva o Belmiro que nos deixa sonhar em cada prateleira de Hipermercado! “Viva eu cá na terra” a tentar consertar o meu pessimismo!
Ainda dizem que o Natal havia de ser todos os dias. O caraças que havia! E depois quem é que paga as favas?!"
Obrigado Flávio, continua a ser irreverente e politicamente incorrecto
1 comentário:
É realmente uma epoca de mto consumismo, e se fosse todos os dias seria impossivel, mas há sempre coisas positivas portanto deixem-no ser apenas uma vez ... Vivam-no vós com o verdadeiro espirito...
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