Hoje é Dia de Reis. Ainda se cantam as Janeiras. Há alguns anos, muitos, era feriado. Na minha aldeia, além das Janeiras, cantavam-se Os Reis. Fui à "arca do velho" ver o que lá havia sobre o tema. Lá encontrei a história de três amigos de extratos sociais diferentes, - um, filho da pequena burguesia rural, pai doutor de leis,outro, filho do operariado, mãe costureira, e o outro, filho de mãe solteira, trabalhadora agrícola, - que durante a sua meninice se juntavam para "cantar os reis". Constríam uma pequena caixa iluminada (por vezes uma velha gaiola já desactivada) onde instalavam o presépio, e lá iam de casa em casa cantando, na esperança de serem recompensados. E ninguém se escusava, cada um dava o que podia, desde chouriças até dinheiro. Era assim todos os anos. Hoje, os três amigos já não cantam "os reis". Dois foram para a cidade. Um, é doutor de leis no Alentejo, e embora tenha notícias dele, já não o vejo há cerca de quarenta anos. É o Dr. César Miguel. O outro é bancário reformado, é o sr.Amílcar. O último ainda vive lá na nossa aldeia, reformado do trabalho numas caves. É o Arlindo. Só Arlindo.
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