quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Liberdade de expressão

Do jornal Público de hoje transcrevo uma declaração de Mário Crespo (até o nome não lhe assenta, pois "crespo" é um tipo de cabelo encarapinhado, coisa que ele não tem), na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República: - «Tenho uma série de fontes inequívocas - e de resto nunca foi desmentido - que me dizem ter sido dito (pelo primeiro ministro) que eu seria um problema a ser resolvido».
Chegamos à triste conclusão que agora não foi só uma senhora que ouviu, mas várias pessoas.
Pelos vistos, o PM, agora, quando se desloca aos restaurantes, para que  ouçam bem as suas conversas, usa megafone.
É preciso ter desfaçatez!! 
Sobre isto, não resisto, com a devida vénia ao JN e ao jornalista Manuel António Pina, de deixar aqui a sua crónica de há dois dias:


"Os bárbaros entre nós"
"Talvez porque tenha memória ou porque, na infância, tenha lido a história do menino e do lobo, não me impressionam as gritarias do género “Censura! Censura!” que de vez em quando agitam a política e a comunicação social portuguesas.
Também não é o facto de nunca ter sido aqui impedido de escrever o que quer que seja (mais do que uma vez tive que ser eu próprio a impedir-me de fazê-lo…), que me leva a não levar à letra o clamor que em certos meios por estes dias se levanta de que não haverá “liberdade de expressão” em Portugal. Soubesse de razão certa (e justa) de uma só voz amordaçada e sentir-me-ia também amordaçado. A liberdade é uma flor frágil e está sempre em risco. Mas é uma daquelas palavras que, segundo Ionesco, devem ser ditas de modo a que não caia em ouvidos de surdos. Há coisas que se dizem nos cafés, entre amigos, ou numa tasca, mas que, por motivos de bom senso, e de bom gosto, é intolerável pretender publicar num jornal, invocando a liberdade. Talvez os bárbaros estejam às portas da cidade, pois estão sempre. Mas também estão (estão sempre) dentro das muralhas."









2 comentários:

Pedro disse...

Sem comentários...
Grande Manuel António Pina.

Apenas acrescento.
Isto não liberdade.
É libertinagem...

Pedro.

Pedro disse...

Entretanto...
Vi a triste figura que o Sr. Mário Crespo fez na comissão de inquérito na Assembleia da República.
Sinceramente tenho pena que alguém que transmite tão bem notícias, queira tanto, ser ele mesmo a notícia. O EGO pode matar-nos.
O que me custou mais em todo aquele espectáculo da comissão de inquérito é que não houve um deputado que lembrasse ao Sr. Mário Crespo, que não estava nos cafés a conversar e a mostrar t-shirts aos amigos no meio de mais uma cervejola.
Estava na casa da democracia e da liberdade, a tal que lhe permite tais devaneios, e que o Sócrates... é só... O primeiro-ministro de Portugal eleito pelo povo e que só o povo o pode condenar. Ou os tribunais.
Apesar de achar que isso vai acontecer, o povo vai condená-lo, enquanto isso não acontecer, haja algum respeito, principalmente vindo de um jornalista de eleição. (Já o homem...!?)
Voltando ao que realmente interessa.
Um deputado da nação devia ter posto este senhor na ordem. Lembrar-lhe onde estava e que não era amigo dele para estar ali na galhofa. Estavam ali para ouvir algo que justifique que este país tenha um primeiro-ministro mentiroso, falso e mal intencionado. Não para rirem com piadinhas.
Se este país tem mesmo um primeiro-ministro assim, não há dúvida que os deputados que o criticam todos os dias não estão longe de serem... PIOR.
Bolas.
Haja alguém que ponha ordem nesta merda.
Não estou a ver jeito...
Crise de valores assim, demora uma geração...

Viva a liberdade!
Abaixo a libertinagem!
E tanto libertino anda por aí...!

Pedro.