Hoje reli algumas crónicas do livro de crónicas "À Esquerda de Deus", do meu amigo Nelson Ferraz. Depois da releitura, e porque falava em Deus, lembrei-me de um poema do primeiro livro de Fernando Tordo, "Quando não souberes copia" no qual (poema) o cantor dá um valente puxão de orelhas a Deus.
Aqui fica o poema. Julguem-no. Ou julguem o autor. Ou julguem este carantonha, que o deu à estampa. Estejam à vontade.
8.
A linha do horizonte faz uma curva perigosa e está fora de mão.
A linha do horizonte, afinal, é um embuste linear e um veículo mal conduzido.
Quem lhe deu esta grandeza esqueceu-se de que lhe estava a dar todo o poder.
Ouviste, Deus?, é contigo .
Ou será que te enganaste e não percebeste que o horizonte não é para se ver de cima?
Já não é a primeira vez que te apanho em falso.
Repara nos homens.
Nas guerras.
Na fome.
Nos incêndios e nas cheias.
Queres pior?
Repara na mentira.
Queres um resumo? Repara em ti.
Já sei, já sei. Para estes casos tu não és nenhuma entidade superior,
tu és dentro de cada um de nós.
Mas a multa do horizonte fora de mão, essa pagas tu.
Do livro "Quando não souberes copia", edição CAMPO DAS LETRAS, 1ª edição, Maio de 1997
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