Carantonha- s.f.-contorsão do rosto, esgar, máscara, cara feia, carranca, caraça. * Em criança, na região de onde sou natural, e onde então vivia, quando se brincava ao carnaval, o artefacto que nos ocultava o rosto, era a carantonha porque por norma era coisa feia. O tempo passa, a evolução acontece, e hoje, pelo menos quando jogamos ao carnaval, usamos uma máscara. Ou será que não a usamos todos os dias?
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Ó senhor prior!!
Depois de ter escrito o hoje apetece-me... que está aí em baixo, veio-me à lembrança a história (pois, é mesmo história, e não a palermice do brasileirismo estória que muita gente já adopta) de um outro apetecia-me que aconteceu já lá vão 50 anos e de que eu fui o principal protagonista. E se a trago aqui é porque ainda me falam dela quando vou à minha aldeia. Eu já vivia na cidade grande, onde estudava, mas aproveitava as férias e todos os momentos disponíveis para ir até junto da família e dos amigos. Era Natal. Eu, e alguns dos meus amigos, jovens irrequietos e algo irreverentes, combinámos ir na noite de Natal à tradicional missa do galo que se rezava na igreja paroquial, na sede da freguesia. O padre titular da paróquia nessa altura, é o mesmo que ainda hoje se mantém à frente da mesma. Na sua juventude sofreu um acidente de viação que lhe deixou uma marca irreversível e inconfundível. Sofre frequentemente de lapsos, no teatro chamados brancas, cortes de memória propiciadores de inúmeras situações, algumas embaraçosas, mas a maioria provocadoras de riso farto. À hora aprazada lá nos deslocámos para a igreja, onde chegámos em cima da hora da missa.Igreja practicamente cheia. Por isso ficámos ao fundo. A cerimónia foi decorrendo até chegar a homília. O senhor prior que andava aborrecido com os seus paroquianos, não sei porque razão, resolveu ajustar contas com eles naquela altura. E então vá de desfiar o rosário de queixas. O tom das queixas já ia num volume razoável quando o padre resolveu ditar a sentença e começou por vociferar um eu apetecia-me... início da reprimenda, mas nessa altura, zás, a memória pregou-lhe a partida, o fusível fundiu, e ele repetia eu apetecia-me, eu apetecia-me, eu apetecia-me. Vendo que o padre nunca mais parava foi a minha vez de entrar em cena. Protegido pela barreira de pessoas à minha frente, disse eu em voz audível em toda a igreja: - Um prato de rabanadas senhor prior. Aquela gente ali à minha volta, e porque estava na igreja, teve alguma dificuldade em conter o riso. Mas aguentou-se. Bem, não houve escândalo, porque a barreira não deixou que a finesse, que nessa altura ocupava os lugares da frente, sinal de distinção, nem o senhor prior, conseguissem saber que fora eu o irreverente malcriado. Alguns sabê-lo-ão agora, lá na aldeia, porque ainda hoje se fala nisso. Como nas nossas (raras) conversas o senhor prior nunca me falou no acontecimento, acredito que ainda não saiba. Aqui fica a história que não é estória.
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