Ontem estive, como participante, na "Onda Poética", em Espinho, em que se disse poesia de Álvaro de Campos. Lá esteve também como assistente, o poeta João Habitualmente, que teve a amabilidade de me oferecer o seu último livro "De minha máquina com teu corpo". Não perco a oportunidade de aqui anunciar que a sua poesia vai ser o tema das próximas sessões da Onda Poética e das Quartas Mal Ditas, esta no Clube Literário do Porto. Na contra-capa do "De minha máquina com teu corpo" vem inserido um interessante e sugestivo texto do poeta, que não resisto a transcrever. Disfrutem:
"Escrevi noutro lugar que já estive em muitos lugares, mas o lugar mais bonito é a escrita. Digo agora que o lugar mais bonito da escrita é a literatura. E o lugar mais bonito da literatura o poema. Também o mais ligeiro e o mais insondável. Pode ainda subir acima dele, voando através da arte de o dizer. Mário Viegas a dizer Vinicius, João Villaret a dizer Régio, Joaquim Castro Caldas a dizer Pessoa. Ou Ary a dizer Ary, Natália a dizer Natália, Pimenta a dizer Pimenta. Num mundo em que as palavras estão ao preço de um detergente barato, a poesia é também a arte de dizer muito escrevendo pouco. Pode ela ser exemplar para a inflação verbal que acomete hoje o planeta em chamas?"E, João, aqui fica em letra de forma, (ou será em forma de letra?), o compromisso de colaborar contigo na homenagem que estás a pensar preparar ao nosso comum amigo Joaquim Castro Caldas.
E para terminar aqui fica o primeiro poema do novo livro do João Habitualmente
A minha primeira bicicleta
Foi nela que visitei o sol
E a praia. E o sal
Levou-me também às primeiras raparigas
A minha bicicleta
era o sol - e a própria viagem astral
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