Ontem estive num almoço, já habitual, de gente reformada, que passou por um determinado departamento da empresa onde trabalhámos. Como de costume, a conversa passou pela actualidade e também por recordar coisas (algumas boas, outras menos) que por nós tinham passado. A conversa foi animada, tendo por acompanhamento uma parrilhada de peixe reforçada por um bom arroz de grelos e feijão vermelho. Uma das histórias que contei passou-se comigo e aconteceu naquela fase louca pós 25 de Abril (aí por 1976), num outro departamento onde tinha ido dar uma ajuda. Sem lugar fixo ali, instalei-me no gabinete do gerente. Em determinada altura de um qualquer dia, tocou o telefone, que eu atendi. Aconteceu o diálogo seguinte:
- Fulano? (o nome do gerente)
-Não.
(suspensão momentânea, do outro lado)
- De onde é que fala?
- Do Kremlin
(Nova suspensão)
- Quem é que fala?
- É o Krutchev
- Obrigado
E desligou.
Do outro lado estava um director, pessoa bem conhecida, hoje com negócios fora da empresa, e que foi presidente da direcção de um dos grandes do futebol nacional.
Quando chegou à fala com o gerente, disse-lhe: «você tem lá um funcionário com muita graça».
Isto demonstra que o director também tinha sentido de humor. E eu ainda hoje me rio quando a conto ou me lembro dela. O director, não sei se sim.
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