Eles aí estão prontos a bailar a dois. E a dar-nos baile. Vão falar, falar, bla, bla, bla, e não vão dizer nada. Vão desvendar-nos o que eles chamam os podres de cada um. Vão chamar-se mutuamente de mentirosos.Com uma pequena nuance a armar ao elegante: nenhum diz mentiras, diz inverdades. Uns puxam da cartilha, e insistem nela sem se desviar uma linha daquilo que de tanto ser repetido já sai de cor. Outros vão usar da sua experiência de calcorreadores ou passeantes (da, ou pela) política. Todos vão prometer resolver os problemas dos portugueses, sabendo que pela inerência do cargo isso lhes está practicamente vedado.Mas mesmo assim dizem-nos que vão usar a sua (deles) influência. Ah, e vão falar-nos muito dos trabalhadores. Vão encher a boca com os trabalhadores. Vão resolver os problemas dos trabalhadores. E isto dos trabalhadores, e aquilo dos trabalhadores, e os trabalhadores, mais os trabalhadores. E os desempregados? E os reformados, e os jovens à procura do primeiro emprego, e os que ainda estudam? Esses não são portugueses. Portugueses são os trabalhadores. São assim os candidatos.
Não sei porquê, mas quando estava a escrever isto veio-me à memória aquela históriazinha (recuso-me a escrever estória) da Ana Hatherly, que é assim:
"Era uma vez duas serpentes que não gostavam uma da outra. Um dia encontraram-se num caminho muito estreito, e como não gostavam uma da outra devoraram-se mutuamente. Quando cada uma devorou a outra não ficou nada. Esta história tradicional demonstra que se deve amar o próximo, ou então ter muito cuidado com o que se come".
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