Carantonha- s.f.-contorsão do rosto, esgar, máscara, cara feia, carranca, caraça. * Em criança, na região de onde sou natural, e onde então vivia, quando se brincava ao carnaval, o artefacto que nos ocultava o rosto, era a carantonha porque por norma era coisa feia. O tempo passa, a evolução acontece, e hoje, pelo menos quando jogamos ao carnaval, usamos uma máscara. Ou será que não a usamos todos os dias?
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Jornalismo...
J
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Imagem"roubada", com a devida vénia, a prodygio.livejournal.com
Desde segunda-feira que estou preparado para receber na caixa de correio, como ultimamente tem vindo a acontecer, vindo das mais insuspeitas proveniências, o habitual artigo de opinião, no JN, do novo guru do jornalismo português, o sr. Mário Crespo. Devo dizer que uma ou outra vez já concordei com o que escreveu. Mas comecei a ter sérias reservas quando começou a escrever contra o Governo e mais concretamente contra o PM. Repare-se que digo contra e não sobre. Definitivamente não aprecio o seu estilo televisivo. A fala não é fluente, é arrogante e por vezes insolente. Deturpa e insinua o que, e como, lhe dá na real gana. Mas tem muitos adeptos. Digamos que é o supra-sumo do mau jornalismo que actualmente se faz em Portugal. Esta é a minha opinião. Tenho direito a ela. O mesmo direito que tem o sr. Crespo e os seus colegas, em opinar sobre tudo e sobre todos. O jornalismo que hoje se pratica, usa e abusa despudoradamente da desinformação, traduzida na falta de rigor, ou então, na manipulação com fins inconfessáveis Esta maneira de estar no jornalismo, leva a que me interrogue se os jornalistas, especialmente os que fazem investigação e os que opinam, não deveriam ser submetidos ao “inevitável escrutínio” (expressão usada pelo “inevitável” Vasco Pulido Valente, no Público) a que submetem os atingidos pelos seus artigos? O quarto poder, já que de um autêntico poder se trata, não pode fugir à devassa a que se julga no direito de submeter os outros. E por aqui me fico, pois acho que já gastei cera demais com tão ruins defuntos. Mas não pude resistir à tentação.
sábado, 25 de abril de 2009
LIBERDADE
Para lembrar o dia 25 de Abril, dêmos lugar à poesia, uma das mais poderosas e eficazes armas que contribuíram para derrubar a ditadura.
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen
LETRA PARA UM HINO
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja a fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Manuel Alegre
«QUEM A TEM…»
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena
35 d.a. (depois de abril)
e os manuscritos antigos falam de ti e das pessoas que tu viste
enquanto nascias entre flores, multidões e tinta de jornal
e viste a luz, numa gruta isolada entre a pedra e o mar
enquanto a dimensão da perspectiva era enigma e urgência
e tópico de uma terapia absoluta
e cresceste com adornos impressionistas, exigências compulsivas
e categorias de crise entre a camisa de luxo e o coração doente
e tens a emoção fácil, a norma rebuscada, o espelho relativo
e tens memória paradoxal em “part-time”
cravada na tua alma de medo
estás colado à condição de mudança milimétrica
entre as pernas da consciência e os limites eróticos
da censura tradicional
e preferes escondes o rosto, ficares preso em cartazes
do ontem que não vemos
e as coisas complicam-se quando te chamam:
- abril! abril! abril!
e tu calas a resposta, e tu morres no silêncio
quase estúpido e quase cobarde do sujeito anónimo
e é pena, porque, qualquer dia
ninguém te conhece
Nelson Ferraz
Um dia diferente
amanhã
quando nascer um hino de alegria
em todos os olhares
de todas as crianças
quando o meu sangue vermelho
e a minha boca vermelha
se transformarem
e quando amadurecerem os meus braços
as espigas dos meus dedoos
e os homens finalmente se encontrarem
e se chamarem de novo irmãos
e quando houver em cada pensamento
a raíz futura de um poema
e uma verdade pura em cada beijo
e em cada beijo uma canção de paz
amanhã
meu amor minha pátria meu poema
cantaremos a cada aurora
um dia diferente
Joaquim Pessoa
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Dia Mundial do Livro
O quem abaixo se vai ler era para ter sido publicado ontem, mas a net de vez em quando resolve ir dar uma curva e só aparece quando lhe apetece. Apareceu hoje, vá lá.
Hoje (ontem, dia 23 de Abril) comemora-se o Dia Mundial do Livro. Mais um dia que devia ser todos os dias. Ler é fundamental para ter êxito na vida. Todos nós devíamos trazer sempre um livro connosco, para ler aproveitando o estar sentado na sanita (esta sugestão não tem nada de escatológica, já que para a maior parte de nós é o sítio onde lemos os jornais e revistas), a pausa para o café, enquanto esperamos que a namorada saia do cabeleireiro, ou o namorado, do barbeiro (agora é cabeleireiro de homens), quando vamos a uma consulta, sei lá, tantas outras situações. O livro é um objecto fantástico. Tem volume, tem peso, tem cheiro. É um objecto, que embora já tenha eventualmente passado por outras mãos, naquele momento é só nosso. A verdade e a mentira, a alegria e a tristeza, a certeza e a incerteza, o pobre e o rico, o assassino e o benfeitor, tudo o que o autor plasmou no livro está ali, na nossa frente, na nossa mão. E os sentimentos e emoções com que o autor entendeu caracterizar personagens ou situações, são os nossos, naquele momento, em perfeita comunhão com o objecto. Eu sei que hoje, a net, já permite a leitura de muitas obras. Mas não é a mesma coisa. O livro é mais fácil de transportar. O livro físico, é só meu, o livro virtual é de milhares ao mesmo tempo. E um livro para ser bem apreciado tem que ser só nosso. Tudo o que até aqui se escreveu acerca do livro é passível de ser contraditado. Mas é a minha leitura… Descansem os amantes dos livros que a net nunca os substituirá. Veja-se o que aconteceu com a fotografia em relação ao cinema. Ia acabar, mas ainda cá está e cada vez mais pujante. E o cinema também acabaria com o advento da televisão. Acabou? O mesmo vai acontecer com o livro em papel e o livro virtual. Leiamos pois, carantonhas.
terça-feira, 21 de abril de 2009
A Casa do Sol é a Cor Azul
E a delícia dos versos que a Cláudia Inês, de 3 anos, escreveu, “Se eu fosse lua/dormia sozinha/Se fosse sol/dormia com as luas todas”, ou então da mesma criança, “A lua dorme/enroladinha nas estrelas/E acorda/com as festinhas do sol”. Mas os poetas que se esquecem, também sabem como resolver os seus problemas: “deixei os beijinhos/nas calças novas/mas trouxe um abraço”, como diz o Sebastião de 4 anos. E a Nádia, de 3 anos, a atrevida, quando diz “tenho um beijo grande/guardado na tua boca”. Mas poeta, poeta, é o Fábio de 3 anos. Vejam só: “Eu nunca tinha visto/o arco-íris/porque a Susana/nunca tinha passado/por este sítio”. E o que dizer do supra-sumo da desfaçatez, o João Nuno , de 9 anos? Vejam só: “Chamo-me João Nuno/Poetas há milhões/Mas igual a mim/Só o Luís de Camões”. E agora, caros Carantonhas, leiam poesia, porque na casa da poesia cabem todos, avós e netos, pais e irmãos, professores e alunos, enfim toda a gente, já que a poesia tem uma casa que não é grande nem pequena, pois tem sempre o tamanho que tem cada poema. Então, Carantonhas, toca a entrar…
domingo, 19 de abril de 2009
Fumo...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Ai se a voz nos doesse!...
quinta-feira, 16 de abril de 2009
O sonho esfumou-se...
"Nós somos do tecido de que são feitos os sonhos" - William Shakespeare
Sonhar não é proibido (ainda). Sonhar é sempre possível, ainda que sonhar acordado, nos possa causar alguns dissabores. Foi o que nos aconteceu. Mas foi bom ter sonhado durante uma semana. Pelo que fez nos dois jogos, o campeão merecia ter passado. Se como diz o poeta, "o sonho comanda a vida" vamos continuar a sonhar com o próximo ano desportivo. Pela minha parte só lamento que "mouros" vermelhos e verdes exultem com a eliminação do rival que lhes pode possibilitar a entrada no mundo dos campeões.
É o espírito de porco dos "campeõezinhos" frustrados. E por aqui me fico
sexta-feira, 10 de abril de 2009
A "reza"
Mesmo sem amêndoas, ovos, ou coelhinhos (as imagens negaram-se a entrar neste escrito), desejo-vos, Carantonhas, FELIZ PÁSCOA, e até para a semana.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
9 de Abril - Batalha de La Lys
Foi também nesta batalha que se distinguiu o soldado "Milhões", cuja história fica para outro escrito. Hoje, fica aqui a singela homenagem aos que não regressaram.
Cachorrinhos vendem-se
Volto hoje ao tema da esperança, para vos trazer uma comovente história de amor que "roubei" (já são dois "roubos" no mesmo escrito) a um livro curiosíssimo da Lyon Edições com um título também curioso e apelativo, "O Pequeno Livro da Canja de Galinha para a Alma- Histórias para abrir o coração e reavivar o espírito". Então aqui vai a história contada por Dan Clark: "Um rapazinho apareceu por baixo do letreiro do dono da loja "Cachorrinhos vendem-se"
- Por quanto vai vender os cachorrinhos? - perguntou.
- Entre 30 a 50 dólares - respondeu o dono da loja.
- Tenho 2 dólares e 37 cêntimos disse o rapazinho. Posso vê-los?
O dono da loja sorriu e assobiou, e do canil saíram cinco bolinhas de pelo. Um dos cachorrinhos ia ficando bastante para trás. O rapazinho distinguiu imediatamente o cachorrinho atrasado e que coxeava e disse:
- O que é que tem aquele cachorrinho?
O dono da loja explicou que ele não tinha o encaixe da anca e que seria sempre coxo. O rapazinho ficou excitado: - É esse cachorrinho que eu quero comprar.
O dono da loja comentou: - Não, não queres comprar esse cachorrinho. Se o quiseres, dou-to.
O rapazinho ficou muito aborrecido. Olhou bem nos olhos o dono da loja e disse: - Não quero que mo dê. Esse cachorrinho vale cada cêntimo, tal como os outros e vou pagar o preço total. Vou dar-lhe 2 dólares e 37 cêntimos e 50 cêntimos por mês até o ter pago.
O dono da loja insistiu: - Não vais querer comprar este cãozinho. Nunca vai conseguir correr e saltar contigo como os outros cãezinhos.
A isto, o rapaz respondeu, baixando-se, e levantando a perna da calça, mostrou a perna esquerda muito torta e defeituosa, presa por um grande aro de metal. Olhou para o dono da loja e respondeu suavemente:
- Bom, eu também não corro muito bem e o cachorrinho vai precisar de alguém que o compreenda".
Bonita história e excelente lição de vida.
Sem falsa moral, que bom seria termos exemplos destes todos os dias. Talvez, quem sabe, construíssemos um mundo melhor.terça-feira, 7 de abril de 2009
Um dia destes...
MELOPEIA PARA UM FUTURO TALVEZ SIM
Um dia destes abrir-se-ão as portas
e entraremos todos na cidade
Um dia destes teremos um domingo
e haverá água límpida e potável
Um dia destes contaremos contos
de terrores antigos de perseguições
e poremos os verbos no passado
felizes de escaparmos ao massacre
Um dia destes o silêncio quebrará
para sair uma canção de amor
Um dia destes a noite abrir-se-á
e tu serás o rosto descoberto
Um dia destes poremos no zoológico
os últimos hipopótamos da cidade
e cortaremos o resto dos tentáculos
que nos mantêm à mercê do grande polvo
Um dia destes as palavras serão públicas
e não escreverão penas de morte
não servirão para mentir atraiçoar
para ferir os amigos ou matá-los
Um dia destes construiremos um museu
com os retratos do medo e da tortura
do diabo do crime da miséria
na galeria dos antepassados
Um dia destes teremos tempo de juntar
os bocados de nós próprios e colá-los
Um dia destes não seremos obrigados
a sempre recusar de mão fechada
Um dia destes tu serás tangível
e os meus dedos poderão desapertar-te
Um dia destes os quatro cavaleiros
estarão na cadeia sem cavalos
Um dia destes não será com juras
clandestinas que a esperança se fará
Um dia destes a fome não poderá
comprar de novo lâminas de barba
Um dia destes abrir-se-ão as portas
e dançaremos nas ruas da cidade
Um dia destes beberemos todos
a cerveja da alegria e da amizade
Um dia destes secarão as lágrimas
e teremos cartas vindas da Europa
Um dia destes a vida será fértil
e o dia seguinte estará sempre aberto
Meus amigos meu amor
Um dia destes...
Egito Gonçalves
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Lembrando Mário Viegas
Conheci-o vagamente (ofereceu-me cópias dos poemas de Tossan, que ele dizia admiravelmente), mas sei que lá onde se encontra continua a fazer as suas CENAS e a espalhar o seu talento. Como diria Vinicius, de quem tanto gostavas, SARAVÁ, MÁRIO.