quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Parabéns retardados




Foto de A. Mendes

Eh pa, aqui tinhas menos dois anitos!


O neto mais velho fez ontem anos. Por isto ou por aquilo, não tive oportunidade de o parabenizar (como estamos em rodagem para o acordo ortográfico, fica bem aplicar uma palavra oriunda do Brasiu). Como para mim o dia ainda não acabou, faço de conta que ainda estamos a 24, apesar de já estarmos nas 3h53 de 25.
Para ti, Ricardo, que sei que compreendes a mensagem, vou plasmar (outra palavra bonita) aqui uma prosa poética de José Fanha e um poema das Odes de Ricardo Reis, um heterónimo de Fernando Pessoa como sabes.
Primeiro José Fanha:

ASAS



Nós nascemos para ter asas, meus amigos.
Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós
nascemos para ter asas.
No entanto, em épocas remotas, vieram com dedos
pesados de ferrugem para gastar as nossas asas como
se gastam tostões.
Cortaram-nos as asas para que fôssemos apenas
operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos
de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.
Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas
transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem
mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas,
de novo voltam a ser.
Aceitemos esta hipótese, apesar de não termos dela
qualquer confirmação prática.



Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.

Agora Ricardo Reis:

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Pôe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a Lua toda
Brilha, porque alta vive.

E não resisto a terminar com os dois primeiros versos (de quatro) de uma outra ode de Ricardo Reis:

Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.











sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mariana diz que tem...

Quando nasceste, a Vida pôs-te nas mãos uns sapatos, indicou-te um caminho, e disse-te: "anda, vai, percorre-o como souberes e puderes". Mas cuidado, a Vida encheu-te o caminho de obstáculos que tens que vencer dia após dia. De vez em quando, para te surpreender e entusiasmar, vai deixar-te o caminho livre. Neste percurso há-de visitar-te muitas vezes a tristeza.Encara-a de frente, olhos nos olhos e diz-lhe que vais vencê-la, como tens que vencer os obstáculos. Então, aí, vai aparecer-te a alegria e a satisfação do dever cumprido. Vive tudo o que a Vida te pôs no caminho, com coragem, vontade de vencer, e verás que vais conseguir. E um dia quando chegares ao fim do longo caminhoi que tens que percorrer, sapatos já rotos, poderás dizer à Vida: - "Vida, não te venci (ninguém pode vencer a Vida, mas sim acompanhá-la, estar de olho nela), mas cheguei ao fim do caminho com a certeza de que soube percorrê-lo"
Estas palavras são para ti, querida neta, na data em que vais começar a percorrer o nono ano do teu caminho.
Como prenda vou deixar-te um poema da escritora e poetisa Luisa Ducla Soares.

MARIANA DIZ QUE TEM...

Mariana diz que tem
sapatinhos de cristal.
Mas só vejo nos seus pés
as botas de cabedal.

Mariana diz que tem
um cavalo p´ra correr.
Mas só vi no seu jardim
sete ratos a roer.

Mariana diz que tem
chocolates na algibeira.
Mas só lá tem um pão duro
dos que lhe deram na feira.

Mariana diz que tem
estrelinhas a brilhar.
São os seus olhos que brilham
quando se põe a sonhar.

Parabéns, um xi-coração muito apertado e beijos dos teus avós.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Liberdade de expressão

Do jornal Público de hoje transcrevo uma declaração de Mário Crespo (até o nome não lhe assenta, pois "crespo" é um tipo de cabelo encarapinhado, coisa que ele não tem), na Comissão de Ética, Sociedade e Cultura, da Assembleia da República: - «Tenho uma série de fontes inequívocas - e de resto nunca foi desmentido - que me dizem ter sido dito (pelo primeiro ministro) que eu seria um problema a ser resolvido».
Chegamos à triste conclusão que agora não foi só uma senhora que ouviu, mas várias pessoas.
Pelos vistos, o PM, agora, quando se desloca aos restaurantes, para que  ouçam bem as suas conversas, usa megafone.
É preciso ter desfaçatez!! 
Sobre isto, não resisto, com a devida vénia ao JN e ao jornalista Manuel António Pina, de deixar aqui a sua crónica de há dois dias:


"Os bárbaros entre nós"
"Talvez porque tenha memória ou porque, na infância, tenha lido a história do menino e do lobo, não me impressionam as gritarias do género “Censura! Censura!” que de vez em quando agitam a política e a comunicação social portuguesas.
Também não é o facto de nunca ter sido aqui impedido de escrever o que quer que seja (mais do que uma vez tive que ser eu próprio a impedir-me de fazê-lo…), que me leva a não levar à letra o clamor que em certos meios por estes dias se levanta de que não haverá “liberdade de expressão” em Portugal. Soubesse de razão certa (e justa) de uma só voz amordaçada e sentir-me-ia também amordaçado. A liberdade é uma flor frágil e está sempre em risco. Mas é uma daquelas palavras que, segundo Ionesco, devem ser ditas de modo a que não caia em ouvidos de surdos. Há coisas que se dizem nos cafés, entre amigos, ou numa tasca, mas que, por motivos de bom senso, e de bom gosto, é intolerável pretender publicar num jornal, invocando a liberdade. Talvez os bárbaros estejam às portas da cidade, pois estão sempre. Mas também estão (estão sempre) dentro das muralhas."









terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Que justiça?

Justiça portuguesa:
Que justiça é esta que que nomeia um colectivo de três juizes para julgar alguém que rouba um saco de amêndoas e uma garrafa de wisky?
Segundo o Procurador do MP, ficaram dúvidas sobre o roubo da garrafa, "mas as amêndoas temos a certeza que foram nos bolsos". Tirada de «escarro». Incrível
Pior ainda:
Que justiça é esta que se esquece durante sete meses de alguém que já deveria ter libertado?
Se eu disser o que penso corro o risco de ser preso, e eu sou suficientemente cobarde para  prezar a minha liberdade.
Mas sempre direi que esta é uma justiça de "merda"

ISMOS


Estava eu, há pouco, a procurar numa antologia de poesia de Jorge de Sena, um poema de que necessito para um trabalho, quando me deparei com este outro, de que já nem sequer me lembrava. Um poema escrito no ano 72 do séc. passado, mas digam-me lá carantonhas, se não está perfeitamente inserido na actualidade. Fica claro que o que abaixo se lê se aplica a todo e qualquer quadrante da política e da sociedade em geral.

«DEIXEM-SE DE FINGIR»

Deixem -se de fingir de heróis da esquerda,
com bancos e bancas de advogado, redacções,
editoriais, automóveis, bolsas e cátedras,
quintas herdadas, páginas literárias.
Deixem-se de uivar em defesa de ismos
que nenhum vos pertence ou a que pertenceis
a não ser para dançar a dança desnalgada
dos que não têm vergonha do povo português.
O único ismo em consonância com os arrotos
de bem comidos, e os rosnidos de instalados
naquilo que criticam disfarçando-se,
é o relismo - de reles. Nada mais.

Jorge de Sena, de "Conheço o sal", in Antologia 40 Anos de Servidão - Circulo de Poesia, Morais Editores

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Poema para acabar o dia

Proponho hoje, para acabar o dia, este poema de um autor alemão, Georg Weerth. E, caros carantonhas, se me permitem, convido-vos, depois da sua leitura, a um momento de reflexão.


A CANÇÃO DA FOME

Prezado senhor rei
Sabes a notícia grada?
Segunda comemos pouco,
Terça não comemos nada.


Quarta sofremos miséria,
E quinta passámos fome;
Na sexta quase nos fomos –
Não se aguenta quem não come!


Por isso vê se no sábado
Mandas cozer o pãozinho,
Senão no domingo, ó rei,
Vamos comer-te inteirinho!

Somos o que somos

Cada um de nós tem dentro de si alguma coisa que não pode ser negada, ainda que nos faça gritar, gritar, até ao fim. Somos o que somos, e pronto. Como a velha lenda celta do pássaro com o espinho no peito que canta até morrer, porque precisa de fazê-lo, porque é levado a isso. Podemos saber que vamos errar até antes de cometermos o erro, mas o conhecimento de nós mesmos não afecta nem altera o resultado. Cada qual entoa o seu cântico, convencido de que é o mais maravilhoso que o mundo já ouviu. Não vês? Criámos os nossos espinhos e nunca nos detivemos para avaliar o custo. A única coisa que podemos fazer é sofrer a dor e dizer intimamente que valeu a pena."
Colleen McCullough, in Pássaros Feridos
O texto acima é um excerto do romance "best seller" Pássaros Feridos (Thorn Birds), da escritora australiana Colleen McCullough.
Sei agora (milagre da net) que esta escritora é uma das 100 pessoas designadas como Tesouros Nacionais Vivos da Austrália.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pensamento

Cogito ergo sum=penso logo existo. Quem é que disse isto? Não interessa. Também há quem diga, penso eu de que Também penso=acho. Acho que um penso não fica mal a ninguém, sobretudo se for para lhe tratar da saúde, quer dizer tratar das maleitas. Acho. Penso. Logo, penso que amanhã vou dar uns murros ("pensos") num tipo que me anda a sarrazinar a paciência. Depois, o outro dirá (não à polícia, pois não está nos seus hábitos) aos que estejam por ali: "ele deu-me um murro aqui (e aponta) e eu acho (penso) que o agredi; também acho que ainda lhe toquei." E disse mais, "isto é um assunto sem importância, portanto penso que fica sanado (ao "penso")
Eu penso, sem aspas, que qualquer coincidência com a realidade (não) (é) pura semelhança bla, bla, bla.Pois se inventei os factos agora mesmo, penso eu de que.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Prosa poética para acabar o dia

Hoje vamos acabar o dia com um texto poético de Eugénio de Andrade, porque me lembrei que a Fundação que tem o seu nome está em vias de ser extinta. O Porto "trata bem" os seus valores. Voltarei em breve ao assunto Fundação.

"O Porto é só uma certa maneira de me refugiar na tarde, forrar-me de silêncio e procurar trazer à tona algumas palavras, sem outro fito que não seja o de opor ao corpo espesso destes muros a inssurreição do olhar.
O Porto é só esta atenção empenhada em escutar os passos dos velhos, que a certas horas atravessam a rua para passarem os dias no café em frente, os olhos vazios, as lágrimas todas das crianças de S. Vitor correndo nos sulcos da sua melancolia.
O Porto é só a pequena praça onde há tantos anos aprendo metodicamente a ser árvore, aproximando-me cada vez mais da restolhada matinal dos pardais, esses velhacos que, por muito que se afastem, regressam sempre à minha vida.
Desentendido da cidade, olho na palma da mão os resíduos da juventude, e dessa paixão sem regra deixarei que uma pétala pouse aqui, por ser de cal."

Carantonhas, façam o favor de se portar mal e tenham um bom domingo.

Se, se, se...

A tristeza instalou-se hoje lá prós lados da 2ª Circular. Já se ouvem os primeiros acordes da velha cantiga "saudade vai-te embora/do meu peito tão cansado/E leva para bem longe este meu fado".

Jornalismo rasca

De facto, algo de mau se passa no jornalismo da RTP, ou somos nós que andamos com azar. Hoje no Jornal da Tarde, noticiava-se a ida do árbitro de futebol Olegário Benquerença ao Mundial da África do Sul. A dada altura da notícia, ilustrada por imagens de futebol, ouviu-se esta pérola de informação, sobre o dito árbitro: -"...é sócio de uma agência de... é militante socialista... e foi mandatário de Manuel Alegre..."

Já é de estranhar, quando se fala dos méritos de alguém para a função que exerce no futebol, que se diga que é sócio disto ou daquilo. Mas que porra de interesse tem para o futebol a actividade política de alguém a ele ligado? Todos sabemos que se diz à boca cheia que o futebol e a política andam de mãos dadas. Ao ouvir esta desinformação jornalistica (??), eu pergunto: será isso culpa da política, do futebol, ou deste jornalismo rasca?
Volta Mário, estás perdoado; os teus seguidores honram-te o nome. Direi mais, os teus seguidores honram-te o nome. Valha-nos São Pancrácio.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Palavras para quê (II)


Reportagem de rua, na RTP, hoje. O tema era os 100 milhões do Euromilhões.
Repórter: - O que é que fazia se lhe saísse o euromilhões?
Entrevistado: - (breve hesitação)-Comprava uma casa
Repórter: - Mas comprava a pronto ou pedia crédito?

Houve um repórter (grande em tamanho, talento e sabedoria) que se ouvisse esta "brilhante" tirada do reporterzinho diria:- "E esta heim!"
Não é de admirar, com os professores que andam lá pelas escolas de jornalismo. Não digo mais nada, posso cometer alguma injustiça para com alguns professores. Mais palavras para quê? É um reporterzinho português! Será que estudou na Independente, e o seu professor foi o Mário Crespo?

Palavras para quê! (I)


Ouvido hoje ao deputado madeirense Guilherme Silva, do PSD, na discussão da Lei das Finanças Regionais: - "Não há açoreanos, nem madeirenses, nem continentais, há portugueses".
Pois. A cartilha é a mesma do chefe. Era bom que estes sujeitos dessem a conhecer que as receitas para a Madeira (e Açores) saem dos impostos pagos pelos continentais, que quando
é para insultar, são "cubanos", e quando é para bajular são continentais.
Mais palavras para quê? É um artista português (da Madeira)!

O chapéu aí em cima, que o "palhaço da ilha" usa no carnaval, é também o chapéu do Orçamento. Apetece-me tanto chamar São Pancrácio.

Poema para começar o dia

Hoje, porque acho que é bom começar o dia assim, trago aqui um poema de José Craveirinha, poeta moçambicano, já falecido. Poema escrito na prisão, na condição de preso político. Maltratado por Portugal. Maltratado em Moçambique pelos moçambicanos. Poema que nos fala e apela à coerência e à verticalidade.

Aforismo

Havia uma formiga
compartilhando comigo o isolamento
e comendo juntos.

Estávamos iguais
com duas diferenças:

Não era interrogada
e por descuido podiam pisá-la.

Mas aos dois intencionalmente
podiam pôr-nos de rastos
mas não podiam
ajoelhar-nos.

Tenham um bom começo de dia, a espreitar já o fim de semana

"O Homem que Contava histórias aos Animais

Já há muito tempo (muito mesmo) que não falo aqui das minhas actividades teatrais. Chegou o momento. O Teatro da Carantonha tem re-pronto (pode-se dizer assim?) para reapresentar nas escolas do 1º Ciclo, o seu espectáculo " O homem que contava histórias aos animais". Trata-se de uma leitura de adaptações de textos de livros incluidos no Plano Nacional de Leitura. Contam-se também contos tradicionais.


Lendo histórias e contando contos, procura-se incentivar o gosto dos mais pequenos pela leitura.
O espectáculo tem a duração de um tempo de aula e é desempenhado por um só actor. Para os possíveis interessados, e espera-se que sejam muitos, aqui ficam os contactos:
Tm 963062202.
E-mail:carantonha@gmail.com
Preços a combinar (dependem sempre das deslocações)

Portanto, caros carantonhas, ponham lá as vossas influências em campo e recomendem.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O fim da linha

Já aqui escrevi sobre ele. Já disse aqui que não aprecio particularmente as suas crónicas, embora esteja de acordo com algumas delas. Já aqui, pelo seu estilo, lhe chamei "guru" do jornalismo. Refiro-me a Mário Crespo, de cujas crónicas publicadas no JN, recebi (e por certo vou continuar a receber) muitíssimos mails. E esta que está a suscitar tanta celeuma, e as opiniões mais diversas, merece também a minha atenção. Sabemos que o seu "ódio de estimação" é o PM (particularmente) e o Governo, como, de resto,  o é de muita gente, que agora aproveitou para aplaudir delirantemente a dita crónica. O jornalista quando aceitou escrever para o JN soube qual o estatuto editorial do jornal e as condições em que o faria. Mas aceitou. Eu pergunto-me:-então um bom jornalista, comete o erro deontológico de escrever sobre pessoas que detesta, baseando-se num mail em que "se diz que alguém ouviu dizer"? E o contraditório? Ele próprio diz na crónica que "Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta" Mas ele não dá o exemplo.
 Vamos lá ver então se há censura ou manipulação.
Censura, quando foi ele mesmo que retirou a crónica depois de lhe ser comunicado que o escrito consubstanciava mais uma notícia (relatava factos) do que uma opinião? Eu questiono-me, porquê esta, e porquê agora, quando crónicas anteriores foram mais violentas e não foram retiradas? Eu li-as todas no JN, portanto, como diria o outro, sei do que falo.
Manipulação é ele mesmo que a practica. De facto, deixa logo de entrada a dúvida, quando refere que os ministros e um executivo de uma estação de tv se "encontraram". Marcaram encontro ou este foi ocasional? Ai esta semântica!
Manipula quando não diz quem é o executivo, que por acaso era o seu chefe de programas na estação em que trabalha, que estava ali na companhia de uma colaboradora. Seria para não perder o emprego?
Alguém acredita que tendo-se encontrado à saída do restaurante (como uns dizem) ou enquanto se serviam (como dizem outros), e logo nesta situaçõe particular, não tivessem reparado que alguém os escutava? Está bem, está!
Alguém acredita que estando num lugar público (e pelos vistos mal frequentado) falassem num tom perfeitamente audível, sobre um assunto que desejariam manter só entre eles? Tá bem, tá, melga!
E quem será a tal senhora culta que lhe enviou o mail? Um dia vai saber-se.
O fim a atingir com esta história muito mal contada, adivinha-se. E eu já perdi muito tempo com ela. E perder tempo com ruins defuntos é mau. A crónica é um nojo.´Premonitório ou intencional o seu título é "O fim da linha". Só espero não a ouvir de viva voz, na voz incrivelmente pastosa e sonolenta do seu autor.
Desculpem lá carantonhas, mas eu tinha que escrever isto.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Poema para acabar o dia

O meu amigo Eduardo Roseira, é um excelente divulgador de poesia, que também escreve. Hoje, para acabar o dia, fui “roubar” (ai se ele sabe) ao seu blog Ecos do meu pátio, este poema que faz parte do seu livro “o sorriso de deus

O Papel sorri

silenciosamente,
de forma quase inaudível
o lápis sussurra palavras ao papel.
e o papel sorri.


letra após letra,
o lápis acaricia
a alva folha
que de felicidade sorri.


do lápis
as ideias brotam
sobre o papel
e ambos fazem nascer
a poesia.

lápis e papel
trocam afagos com letras.
dão abraços com palavras.
são sentimentos
através das ideias
e em conjunto constroem o poema
até à palavra fim.


(…o lápis cansado
deita-se em merecido descanso…
…enquanto de alma preenchida
o papel sorri.)

Ora digam lá se depois de ler o poema não dá vontade de afagar o papel e acariciar o lápis.

O Eduardo Roseira mantém um outro blog, Palavras vivas – Stand up poetry, profusamente ilustrado, onde nos dá conta da sua actividade de divulgador de poesia. Visitem-no.