sexta-feira, 27 de março de 2009

D. João VI, pintura de Domingos Sequeira

Ainda com a memória fresca do post anterior, e ao ler no jornal a notícia da comemoração da reconquista de Chaves aos franceses, durante as Invasões Francesas, lembrei-me de um outro garanhão, este, humano. Falo do nosso D. João VI. Aquando da primeira invasão, o nosso rei, ainda como príncipe regente, cargo que assumiu por doença (loucura) de sua mãe D. Maria I, foi aconselhado a refugiar-se no Brasil. E assim fez. Estabeleceu-se na ilha de Paquetá, na baía de Guanabara, frente ao Rio de Janeiro. Dizem os historiadores que D.João era assumidamente um garanhão e um bom comedor. Gostava imenso de comer comida e… Só legítimos, teve cinco filhas e quatro filhos. Dos bastardos não reza a história. Mas dizem as más línguas que quatro não eram dele. Não admira, pois a digníssima esposa, D. Carlota Joaquina, além de terrível manipuladora era horrenda, dizem, - e talvez por isso - uma insaciável ninfomaníaca. Mas isso são outras histórias. Voltemos ao nosso D. João e à sua fama de mulherengo, bem retratada no seguinte poema do poeta brasileiro Raimundo Calado:

D.JOÃO VI E A MULATA

Quando a corte de D. João VI
chegou a Paquetá
tudo servia de pretexto
para sussurrar e criticar
certa mulata que havia lá!
Dizem que ela era um perigo
que ela era uma tentação.
E que um marquês de nome antigo
desdenhava do rei
não cumpria a sua lei
para ser só dela o cortesão…

Mas quando alguém o censurasse
pedindo ao rei que a exilasse
pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha
de frango ou de galinha
e sempre respondia:
- Já lhes disse que aqui em Paquetá
eu sigo as leis da corte de Lisboa.
E não me digam que a mulata é má
porque eu decreto que a mulata é boa.
- E não me digam que a mulata é má
pois eu decreto que a mulata é boa.

Certa noite muito escura
a moça se assustou
vendo surgir uma figura
gorda a ofegar
que sem falar
nos gordos braços logo a apertou.
Ela sentiu-se muito aflita
como dizer que não
até na treva era bonita.
E lá fez de conta
que ficava tonta
sem saber quem era seu D. João.

Mas quando alguém o censurasse
pedindo ao rei que a exilasse
pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha
de frango ou de galinha
e sempre respondia:
- Já lhes disse que aqui em Paquetá
eu sigo as leis da corte de Lisboa.
E não me digam que a mulata é má
porque eu já sei que a mulata é boa.
E não me digam que a mulata é má
Porque eu já sei que a mulata é boa.

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