quarta-feira, 14 de abril de 2010

Pelourinho

Voltemos por  momentos à literacia, para lhes dizer, carantonhas, que afinal, numa pesquiza que fiz, vim a saber que os níveis da literacia portuguesa são baixos, quando comparados com os da União Europeia.
Ainda bem. Me allegro. Por associação de ideias lembrei-me agora de uma história verídica que alguém me contou. Não sei se hei-de registá-la no capítulo da ignorância ou das burrice. Talvez nesta. Entretanto, uma dúvida me assalta. Não serão a ignorância e a burrice uma forma de literacia? Mas vamos à história.
Há tempos, numa sessão de poesia e outras leituras, li algumas "gaffes" de jornalistas e outros inteligentes. No fim da sessão dirigiu-se-me uma senhora que me contou o seguinte: Trabalhava num departamento de arquitectura ligado a monumentos e afins. Um dia houve necessidade de contratar pessoal. Entre os que apareceram a concurso estava um advogado. É aqui que entra a ignorância ou a burrice. Perguntado sobre o que era um pelourinho, respondeu: -" um pelourinho é um pelouro de pouca importância numa Câmara Municipal". O que deviam, no imediato, ter feito com tal orelhudo, era deixá-lo amarrado ao pelourinho para sempre. Assim se prova que nem o Plano Nacional de Leitura nos salva, e que ainda há muito a fazer na Educação em Portugal. E já agora, se um dia tiver que recorrer a quem me defenda, já que ele deve andar por aí à solta, quero ficar bem longe deste advogado.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Beijo

Hoje é (ainda) o Dia Mundial do Beijo. Eu até não sabia que havia um dia mundial do beijo, mas já agora que há, apoio. Porquê? Como todos sabemos, beijar, exercita milhares de músculos, combate a depressão, liberta endorfinas (endorfinas- substâncias quimicas que proporcionam sensações de prazer, euforia, bem-estar).Há investigações que indicam que um beijo ajuda a queimar 12 calorias.
Então carantonhas, o que é que esperam? Beijem-se!
E tomem lá um beijo do carantonha-mor.
E um poema de Florbela Espanca

Horas Rubras


Horas profundas, lentas e caladas
Feitas de beijos rubros e ardentes,
De noites de volúpia, noites quentes
Onde há risos de virgens desmaiadas...

Oiço olaias em flor às gargalhadas...
Tombam astros em fogo, astros dementes,
E do luar os beijos languescentes
São pedaços de prata p'las estradas...

Os meus lábios são brancos como lagos...
Os meus braços são leves como afagos,
Vestiu-os o luar de sedas puras...

Sou chama e neve e branca e mist'riosa...
E sou, talvez, na noite voluptuosa,
Ó meu Poeta, o beijo que procuras!

Literacia

A propósito de literacia (ou iliteracia), lembrei-me duma notícia de jornal de há uns anitos (poucos). Parece anedota, mas é autêntica e vem provar que nem só a ralé é iletrada (andam por aí tantos iletrados com canudo, à solta!!). Junto à Praça Velasquez havia (ou há, não sei) um departamento onde a juventude que tinha concluído o 12º ano, se ia inscrever para ingressar na universidade. Para isso, os jovens tinham que preencher uma ficha onde, entre outras informações, teria de constar o nome e a filiação. Pois não é que apareceu logo uma catrefada de filiados no FCP, no Benfica, no PSD ou no PCP entre outras filiações! Quando no departamento deram pela asneirada, resolveram afixar um espécime onde constava  na filiação, no lugar do pai, Manuel qualquer coisa e no da mãe, Maria também qualquer coisa. Pois, como eu costumo dizer, foi "pior a amêndoa que o cimento". Todos os candidatos passaram a ser filhos do Manel e da Maria.  Santa ignorância, ó São Pancrácio.
E nesta hora matinal apetece-me acabar com um poema de António Gedeão. Vamos a ele.

ESTATÍSTICA

Quando eu nasci havia em Portugal
(em Portugal continental
e nas ridentes,
verdes e calmas
ilhas adjacentes)
uns seis milhões e umas tantas mil almas.
Assim se lia
no meu livrinho de Corografia
de António Eusébio de Morais Soajos.
Hoje, graças aos progressos da Higiene e da Pedagogia,
já somos quase dez milhões de gajos.

Beco sem saída?

Felizmente que por cá, neste cantinho, a taxa de analfabetismo é já muito baixa. Infelizmente a taxa de iliteracia (ou literacia) continua alta, e se o nosso ensino se mantiver no actual estádio, existe uma forte tendência para aumentar, continuaremos a ter muito analfabeto funcional. Vem isto a propósito de um acto de vandalismo noticiado no JN. Uns quantos energumenos incendiaram alguns ecopontos na Praça Velasquez (para mim vai continuar a ser). A notícia completava a fotografia. A notícia dizia que segundo o taxista que presenciou a selvajaria, "eram cerca de três jovens". Vá lá, para tornarmos a coisa mais equilibrada, não seriam 3,25 nem 3,75 os vandalos, mas um número mais redondo, 3,50. Pronto.
E acrescenta o jornalista (?) escrevinhador, agora da sua lavra, que terão sido incendiados cerca de quatro ecopontos. E digo eu, para sermos mais exactos, arredondemos para três e meio.  Fica melhor, tem mais pinta. Mas não só nos jornais isto acontece. Também na rádio e na televisão. E o mais caricato é quando, o «pivot» diz, por exemplo, "béco" e na reportagem qe ilustra a notícia o jornalista diz "bêco". Pois é, carantonhas, não sei o que acontecerá quando vier aí em força, e obrigatoriamente, o novo acordo ortográfico.

domingo, 11 de abril de 2010

Antígona

Esta fotografia, retirada do blog
mitologia.blogs.sapo.pt, refere-se a uma encenação de Antígona, pelo Teatro Ibérico, em 2004



Ontem fui ao Teatro Nacional São João, assistir à representação de um clássico do teatro grego e mundial, Antígona, de Sófocles. E quando, no fim, saí, estava profundamente decepcionado. O elenco que vi no palco e que integrava actores que até foram considerados revelações, teve um desempenho absolutamento desastroso, inclusive com falhas técnicas imperdoáveis em profissionais. Mas a culpa não foi totalmente deles. Um dos grandes culpados do insucesso é o encenador. Ali não se viu direcção de actores. E não corro o risco de me enganar se disser que há grupos de amadores que fariam muito melhor. Eu já vi. Depois disto, é altura de exigirmos que actores e técnicos profissionais de um teatro nacional, tenham mais respeito por um público, que afinal é quem lhes paga, duas vezes, com os seus impostos e comprando os ingressos que até não são muito acessíveis. E deveriam ser, se quisermos fazer cultura.

Nota de reportagem

Repórter:- O presidente do Benfica disse que bla, bla, bla...

Hulk:- Quem?

Rep:- Luis Filipe Vieira

Hulk:- (com sotaque soa melhor) Não conheço. Só conheço Pinto da Costa.

Ah, ah, ah, ah...
O humor brasileiro-futeboleiro, leve, leve...

Crise?

Crise? Qual crise? Há crise na Europa, há crise na América, dizem os entendidos na matéria. Cá em casa também. Mas, helas, na Europa há um cantinho em que a crise não entrou, embora toda a gente diga que sim. Sim, excepto cá em casa, Portugal não sente a crise. Então, não é que durante a Páscoa, os portugueses movimentaram entre levantamentos em multibanco e pagamentos em estabelecimentos, 622 milhões de euros! É isto estar em crise?
Então quando se diz que estamos pior do que no ano passado, gastar mais 94 milhões de euros é estar em crise? E gastando o que gastámos, ainda temos a desvergonha de fazer greves e reivindicar aumentos alegando perda de poder de compra! Valha-nos São Pancrácio!