quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

PARA TI



PARA TI


PARA TI, onde neste momento estiveres (eu sei –sinto - que estás por aqui, e é por te crer tão perto, que te escrevo). 
Sabes, hoje comecei a reler “Cartas a Sandra” (há já tanto tempo que o li) o último romance incompleto do teu p
rimo pelo lado paterno, Vergilio Ferreira. Vou gravá-lo para a Gaia Inclusiva- Biblioteca para cegos, da Biblioteca Municipal de Gaia.
E para ti, aqui fica um excerto de uma das cartas:
“(...) O amor é tão monótono, querida. Porque ele é o cimo sensível de uma imensidade de coisas que se esqueceram. Como falar desse mínimo que é o vértice de todo um mundo que o sustenta? Falar de nada, que é o todo nele? Sandra. Podia dizer o teu nome infinitamente na multiplicação do que nele me ressoa. E é assim o que mais me apetece, dizê-lo dizê-lo. E ouvir nele o maravilhoso que me abala todo o ser. Poderia escrever o teu nome ao longo do que escrevo e teria talvez dito tudo. Mas eu quero desse tudo dizer também o que aí se oculta. Dizer o meu enlevo e a razão de ele me existir. As tuas mãos nas minhas. O incrível miraculoso de eu dizer o teu rosto. O ardor de um meu dedo na tua pele. Na tua boca. O terrível dos meus dedos nos teus cabelos. O prazer horrível até à morte da minha entrada no teu corpo.”

P