sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A minha escola

Uns dizem que é o inicio. Outros, que é o recomeço. Para uns é o retomar da azáfama. Para outros é (como diz a cantiga) o primeiro dia do resto das suas vidas. Para todos é o ano escolar que começa. São os trabalhos, as canseiras, incluindo pais, avós ou outros familiares. Na cidade, até à pouco meio adormecida, vai começar a instalar-se o caos no trânsito, muito por culpa dos carros instalados em segunda fila, e pasme-se, às vezes até em terceira, junto aos colégios. Foi a pensar nisto, que me lembrei da minha primeira escola (nesse tempo ainda era "a escola primária"), e do meu primeiro dia. É das recordações que tenho mais presentes. Lembro-me perfeitamente que a minha mãe, sabendo da minha timidez e das poucas vezes que eu saíra debaixo da sua asa, começou com alguma antecipação a preparar esse primeiro dia. No dia aprazado, eu, na retranca, ensaiei uma sonora choradeira. Quanto mais a minha mãe insistia, mais eu chorava. Até que farta de me ver chorar conseguiu congeminar um estratagema, que só depois de muita resistência me convenceu:-"Vá, vamos, que o professor Rocha e os alunos mais velhos, vão fazer um magusto, assar castanhas (nessa época as aulas começavam em Outubro) e já estão à espera, só faltas tu". E eu, sentindo-me importante por obrigar o professor a esperar, lá fui. Só que, ó desilusão, magusto, nem vê-lo. E eu lá me convenci que tinha mesmo que ficar.E logo ali comecei o meu relacionamento com os novos colegas, alguns dos quais eu já conhecia. Depois vieram as bricadeiras, o estudo, as amizades, e por aí fora. E hoje, quando por breves períodos regresso à minha aldeia, revejo os meus amigos e não deixo de ir dar uma olhadela à minha escola, que embora sem o bulicio de outrora, por ter sido substituida por outra mais moderna, ainda lá está à espera de que a tornem permanentemente útil.

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