domingo, 21 de dezembro de 2008

NATAL III

Para não dizerem que eu não falei de flores.
Quem não se lembra desta bonita canção do Geraldo Bandré, cujo refrão é assim:
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera o acontecer

Pois, para não dizerem que eu não falei de flores, hoje trago aqui, para regozijo dos carantonhas, o Natal em poesia.

HISTORIA ANTIGA

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava,e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou por milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela aldeia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter na inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.

Miguel Torga

A ÚLTIMA PRENDA DO MENINO JESUS

O Menino Jesus já cansadinho
De tanto andar por cima dos telhados,
Descalçou os sapatos apertados
- Eram novos - e pô-los no caminho.

Nisto, sentiu ruído ali pertinho...
Trepou à chaminé com mil cuidados,
E que viu? - Dois tamancos esburacados
E, ao pé deles, rezando, um petizinho.

O Menino Jesus que faz então?
Sem ter nenhum brinquedo ali à mão,
Desses que tanto agradam aos garotos,

Troca os sapatos pelos do petiz.
- E depois vai ao céu mostrar, feliz,
À Virgem Mãe os sapatinhos rotos...

Adolfo Simões Muller


NATAL

Menino dormindo...
Silêncio profundo
Bem vindo, bem vindo,
Salvador do Mundo!

Noite. Noite fria.
Mas que linda que é!
De um lado Maria
Do outro José.

Um anjo descerra
A ponta do véu...
E cai sobre a Terra
A imagem do Céu!

Pedro Homem de Mello

E, caros Carantonhas, por aqui me fico, (pois vou estar ausente alguns dias), com os desejos de um Natal Feliz. E nada melhor do que finalizar com a última estrofe do poema Dia de Natal, de António Gedeão.

Dia de Confraternização Universal,
dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É Dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

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