segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ary dos Santos (1936-1984)








 Passam hoje 26 anos desde a morte do José Carlos Ary dos Santos, um dos grandes poetas da segunda metade do séc. XX. Insubmisso, truculento, mas de uma enorme
generosidade.Declamou poemas seus e de outros, em celeiros, palanques improvisados, colectividades populares, teatros.Cantou a Liberdade; cantou português. Disse que estavamos vivos, que eramos pessoas, que estavamos aqui. Ele é que já não está. Lembremo-lo.

AUTO-RETRATO

Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante demais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
narciso de lombardas e repolhos

Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da auto-importância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.

Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde com a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.

Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos pucos de ternura. 


Esta noite, pelas 21h30, vou estar na Unicepe, à Praça dos Leões, com a Cidália Santos, dizendo poemas, e o César Princípe falando de José Carlos Ary dos Santos.

1 comentário:

Pedro disse...

Este homem deve ter sido o excessivo mais brilhante que este País teve.
Ele não escrevia poesia dizia com o coração e com o corpo o que lhe ia na alma. Em poesia.
Vejam-no neste pequeno poema no youtube.

www.youtube.com/watch?v=fbsOhWt3nyw

Abraço.

Pedro.