domingo, 1 de maio de 2011

Dia da Mãe


Hoje celebra-se em Portugal o Dia da Mãe. A mãe, essa figura tutelar e tão presente em todos os lares, será que não merece ser acarinhada, lembrada, presenteada todos os dias? Porquê então só fazermos seu, um dia em cada ano? Fica a pergunta. Já estou daqui a ouvir a minha Mãe, nos seus bonitos 90 anos a dizer para a neta, : “o teu pai não me lida nada, só o ouço quando lhe telefono”. Mas ela sabe o respeito que lhe tenho, como a estimo e que a trago sempre no coração. Obrigado Mãe, por te preocupares comigo. É sinal de que estamos vivos.
E para marcar o dia, aqui fica uma cantiga do Zeca Afonso, "Quanto é doce", para mim uma das mais bonitas que ele compôs. Fê-lo, como outras, para a peça “Zé do Telhado” levada à cena pela Barraca.
E também um texto de Almada Negreiros.

Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei! Traze tinta encarnada para escrever estas coisas! Tinta cor de sangue, sangue! verdadeiro, encarnado!
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens! Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.

Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um. Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa. Depois venho sentar-me a teu lado. Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.

Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó cego muito apertado! Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa. Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa.

   Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
   Quando passas a tua mão pela minha cabeça é tudo tão verdade!

       

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