sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Amigos parte ll

Chegou o momento de revelar a razão pela qual estes escritos ,que deveriam ter acontecido ontem, só hoje aqui estão. É que depois do almoço com colegas e amigos, à noite fui ao teatro. E o teatro acabou já o dia de hoje tinha entrado. E ao teatro fui também ver colegas e amigos. Lá estavam todos, e todos, diga-se de passagem, desempenhando a contento o personagem que lhe foi atribuído. Alguns com quem nunca trabalhei, e outros com quem já tive o gosto de contracenar. E no fim saí feliz com o trabalho que vi. Excelente em termos de encenação e de desempenho. Obrigado aos meus amigos. A peça é o Otelo, de Shakespeare, um trabalho da ACE/Teatro do Bolhão, encenado pelo japonês Kuniaki Ida. Vale a pena uma deslocação à Academia Contemporânea do Espectáculo (ACE), na Praça Coronel Pacheco. Vão por mim

OS AMIGOS

Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham;
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria -
por mais amarga.

Eugénio de Andrade

1 comentário:

Pedro disse...

"Amigo é aquele com quem uma conversa, é sempre a continuação de uma conversa anterior"
Pedro Mendes.

Perdoem-me a imodéstia de me citar a mim próprio, algo que escrevi há alguns anos, mas às vezes, esperamos sempre demasiado dos amigos. Cobramos a sua presença, zangamo-nos com a sua ausência em qualquer coisa que foi importante para nós, etc,etc.
Para mim... claro que observo, qualifico e quantifico muita coisa nos meus amigos como nas pessoas em geral... mas, quando passam 10 anos, e se consegue conversar, sorrir, aprender e sentir vontade de estar outra vez com essa pessoa, nem que seja passado mais 10 anos, esse ou essa, é meu AMIGO.

Agora, há amigos a quem se liga para uma coisa, outros para outra. Por isso os conhecemos, por isso sabemos onde, como e quando nos sentimos, AMIGOS.
E não é uma coisa de os classificar. Os bons e os menos bons. Se são amigos... SÃO.
É, dos os respeitar perante todas as idiossincrasias. É perceber onde os encaixar na nossa vida e nas suas motivações para a partilhar.
Isso, para mim é o mais importante.

Também me acontece uma coisa curiosa. O de me cruzar com pessoas que sinto que seriam minhas grandes amigas, se nos cruzássemos noutras circunstâncias, noutros tempos.
Pessoas que não temos tempo para chamar amigo.
E tenho pena...

Já agora.
Há dias, escrevi a um amigo que é pai de umas amigas minhas que só passei a considerá-lo amigo, depois de excluir o Sr. no tratamento social.
Primeiro, era o Sr. Afonso, pai de umas amigas. Quando o consegui tratar por Afonso, passei a apreciar tudo de outra forma.
Como lhe escrevi a ele. Os amigos não se tratam por senhor.

Outro já agora.
Quando casei, escolhi para padrinhos, dois amigos. Escolhi o mais antigo de cada sexo. Não porque fossem mais importantes que qualquer outro. Apenas porque representavam todos os outros. Foram os primeiros a mostrar-me a vantagem de os ter.
Também é verdade, que não tinha nenhuns tios ricos, afastados e que nunca mais vemos, que normalmente se convidam para padrinhos de casamento... ;-)

Um ultimo já agora, rapidinho.
O Afonso, na altura o Sr. Afonso, já foi ao meu casamento. Portanto, o caminho já estava a ser percorrido. Já o sentia amigo.

E tudo isto para os meus amigos.
E para mim mesmo, já que me soube muito bem passar por aqui. Mais uma vez.
Às vezes precisamos de um mote, para nos apetecer dizer alguma coisa. Uma espécie de cereja.
E sabemos como elas são, como as conversas...

Um abraço amigo.

Pedro.