terça-feira, 24 de novembro de 2009

Bento Espinosa (1632-1677)

Continuo a pensar que não percebo nada das coisas da filosofia (não deveria escrever Filosofia?), mas confesso que nutro especial admiração pelos pensadores que se devotam ou se devotaram (alguns deram até a vida por ela - vide Inquisição) ao seu estudo e defesa das suas ideias. Mas também penso que ainda sei o suficiente para perceber que se houvessem sido aceites as teses defendidas, vai quase para 350 anos, por Bento Espinosa, hoje ninguém se "chatearia" com Saramago por este se "meter" com Deus e falar do dogma da crueldade divina. Perguntarão (e têm razão para isso):"e o que tem o Espinosa a ver com o Saramago?" Com o pouco que sei, vou tentar responder. Espinosa foi um profundo estudioso da Bíblia e do Talmude (compilação de leis e tradições judaicas). Defendia que a Bíblia era uma alegoria que não deve ter leitura racional e que não exprime a verdade sobre Deus. Para Espinosa, Deus e a natureza são a mesma coisa. Deus é uma emanação da Natureza e do Universo, a Natureza é que produz tudo o que existe. Deus é produtivo, não criador. Perceberam?
Resta dizer que Bento (Baruch, na sua forma hebraica) Espinosa nasceu em Amesterdão em 24 de Novembro de 1632, filho de judeus portugueses - da Vidigueira - que se haviam refugiado na Holanda, fugidos à Inquisição, por serem cristãos-novos. Em 1656 foi expulso da Sinagoga Portuguesa de Amesterdão, em virtude das ideias que defendia. Morreu em Haia, em Fevereiro de 1677, vitima da tuberculose.

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