sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Rei, mulheres, e...

Em 27 de Novembro de 1807, com as tropas da Iª Invasão francesa já dentro de Portugal, e numa jogada de antecipação da corte, o príncipe regente D. João, que viria a ser coroado rei como D. João VI, e a restante família real, "fogem" para o Brasil. Instalou-se no Rio de Janeiro, tornando-a a capital do que vem a ser sonhado como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. D. João VI era o segundo filho de D. Maria I. Estava habituado a entregar-se à caça e a "percorrer os conventos", totalmente despreocupado com os negócios públicos, que se lhe tornavam indiferentes. Assumiu a regência do reino em 1792, por sua mãe, a rainha D. Maria I, ter enlouquecido. Casou com D. Carlota Joaquina de Bourbon, filha de Carlos IV de Espanha por procuração - a princesa tinha então 10 anos - em 1785, mas o casamento só foi consumado em 1790.

O poeta brasileiro, Raimundo Calado, escreveu um poema, "D. João VI e a mulata", com o qual caracteriza a faceta do rei mulherengo e gordo. Aqui fica:

D. JOÃO VI E A MULATA

Quando a corte de D. João VI
chegou a Paquetá
tudo servia de pretexto
para sussurrar e criticar
certa mulata que havia lá!
Dizem que ela era um perigo
que ela era uma tentação.
E que um marquês de nome antigo
desdenhava do rei,
não cumpria a sua lei,
para ser só dela o cortesão...

Mas quando alguém o censurasse
pedindo ao rei que a exilasse
pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha
de frango ou de galinha
e sempre respondia:
- Já lhes disse que aqui em Paquetá
eu sigo as leis da corte de Lisboa.
- E não me digam que a mulata é má
porque eu decreto que a mulata é boa.
- E não me digam que a mulata é má
pois eu decreto que a mulata é boa.

Certa noite muito escura
a moça se assustou
vendo surgir uma figura
gorda a ofegar
que sem falar
nos gordos braços logo a apertou.
Ela sentiu-se muito aflita
como dizer que não
Até na treva era bonita.
E lá fez de conta
que ficava tonta
sem saber quem era seu D. João.

Mas quando alguém o censurasse
pedindo ao rei que a exilasse
pelo mal que fazia,
D. João VI trincava uma coxinha
de frango ou de galinha
e sempre respondia:
Já lhes disse que aqui em Paquetá
eu sigo as leis da corte de Lisboa
E não me digam que a mulata é má
porque eu já sei que a mulata é boa.
E não me digam que a mulata é má
porque eu já sei que a mulata é boa.

Carantonhas, bom começo de fim de semana, e se puderem fazê-lo prolongar-se, aproveitem-no bem.

1 comentário:

Pedro disse...

Hoje, o Carantonha Mor, apareceu na TVI. Passei a gostar um pouco mais do canal.
No aniversário do "Púcaros".
Senti "Inveja".
Que é "quase" um dos pecados mortais...Direi, o oitavo.
Apenas porque, eu queria estar lá. Depois de ver as imagens... ainda mais. E aí apareceu, a inveja.
As pessoas. As ideias. O partilhar de diferenças. Algo de que já falei aqui, sobre o meu fascínio pelo sítio e as pessoas.
Ver, na televisão. É quase invasão de propriedade...
Porque aquilo, também me pertence.
Não tenho é tido tempo para gerir tudo.
Portanto pai, por enquanto, vá mantendo a lareira acesa, os amigos por aí, a poesia com voz, que eu, estou prestes, a ouvir outra vez.
Este poema do Raimundo Calado, faz parte do meu imaginário de ouvinte.
Espero "ouver-lo" rápidamente.
Inté...

Pedro.